Com quase três horas de duração, a reunião do presidente Lula com líderes da base governista na Câmara na segunda-feira, 26, transitou por assuntos variados, que foram de críticas à Faria Lima a um desabafo sobre chefes de Estado estrangeiros, passando pelo impasse sobre emendas parlamentares e, até, por um novo programa social.
O petista abriu sua fala com uma avaliação otimista sobre o atual mandato, afirmando que está vivendo um momento “muito feliz” com a possibilidade de “reposicionar o país perante o mundo” e que tem “cada vez mais uma grande obsessão de resolver a fome e a miséria” no Brasil.
Aos deputados, Lula anunciou que vai lançar um novo programa de subsídio ao gás de cozinha que, segundo ele, beneficiaria 21 milhões de pessoas. “Não é certo ter gás caro neste país. Precisa ter gás barato como item da cesta básica”, disse.
O impasse em torno das regras para a execução das emendas parlamentares ao Orçamento federal veio à tona na reunião quando dois participantes manifestaram preocupação sobre a suspensão do pagamento das verbas. O presidente, contudo, não se pronunciou sobre o tema.
Diante de 19 líderes de bancadas da Câmara, Lula não se furtou a falar de política externa. Leu em voz alta a declaração conjunta que fez com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sobre as eleições na Venezuela, emendando com a seguinte afirmação: “Se eu fosse o Maduro, convocaria novas eleições”.
Em seguida, mudou o foco para a Nicarágua. Contou que buscou ajudar o Papa Francisco, que pediu a ele para tentar intervir junto a Daniel Ortega contra a prisão de padres e bispos da Igreja Católica, mas o presidente nicaraguense nem sequer atendeu ao seu telefonema.
Mais recentemente, Ortega expulsou o embaixador brasileiro em Manágua, Breno Dias da Costa – segundo Lula, sob a justificativa de que o diplomata não compareceu a um ato de comemoração da revolução sandinista.
“Imagina se eu vou expulsar o embaixador da Nicarágua em Brasília porque ele não veio para o 7 de Setembro?”, questionou Lula na conversa com líderes da Câmara.
Entre os alvos das críticas do petista, sobrou também para o sistema financeiro. “Não quero um país dependente da Faria Lima”, declarou. “Os banqueiros querem tudo cada vez mais.”