Horas depois de Lula disparar novos ataques contra o presidente do Banco Central, em entrevista à CBN, o senador Renan Calheiros aproveitou sua fala em uma audiência pública na CCJ do Senado para ecoar as críticas do petista a Roberto Campos Neto. A reunião foi realizada para discutir a PEC 65/2023, de autoria do senador Vanderlan Cardoso, que transformaria o BC em uma empresa pública, com autonomia financeira e orçamentária.
“Eu tenho muita dúvida a respeito da PEC, da sua eficiência, da oportunidade de discussão. Muita. Muita”, declarou Calheiros, acrescentando que a discussão da autonomia financeira da instituição precisa ser feito dentro do contexto de equilíbrio fiscal.
Em resposta a uma manifestação anterior do colega Sergio Moro, que criticou a fala de Lula, ele disse que o presidente uma crítica ao presidente do Banco Central, o que não interfere na sua autonomia.
“Interferem na autonomia, sim, e no próprio mercado de câmbio, declarações que o presidente do Banco Central sistematicamente tem feito com relação ao equilíbrio fiscal do Brasil. Ele tem cobrado isso todos os dias. A discussão dessa PEC do Vanderlan é uma oportunidade para que nós possamos verificar como um todo o déficit público, ver essa questão da renúncia fiscal que já passa de 700 bilhões de reais ao ano, uma grande parte com a participação do Congresso Nacional. É isso que nós podemos ter”, declarou.
Na sequência, Calheiros disse que defendeu a independência e a autonomia do Banco Central, aprovada em 2021, mas destacou que isso deveria valer “para todos, para a política, para o mercado, para as autoridades”.
“Eu não sei se a independência do Banco Central, com todo o respeito, ela se compatibiliza com os posicionamentos do atual presidente do banco, quando ele vai vestido de pijaminha votar no dia da eleição a indicar em que candidato ele estava votando, quando ele vai participar no Governo de São Paulo e se colocar como provável futuro ministro de um futuro candidato à Presidência da República. Essas coisas precisam verdadeiramente ser discutidas”, comentou o senador alagoano.
“E acho que o presidente da República, ao dizer que vai fazer uma verificação do gasto público, e que se compromete a cortar, ele está fazendo exatamente o que devia ter feito desde o momento em que assumiu, que tomou posse na Presidência da República do Brasil. Eu quero aqui deixar as minhas dúvidas com relação à oportunidade de aprovação desta PEC, em que pese o mérito sobretudo da iniciativa do senador Vanderlan”, concluiu.
Pelo X (antigo Twitter), o senador escreveu ainda que o atual BC só é independente do governo, “mas subordinado ao mercado e adestrado politicamente”.