Com arcabouço fiscal há 13 dias na gaveta, Lula tenta baixar juro no grito
Texto foi entregue pelo chefe da Fazenda ao Planalto no dia 15 de março, mas falta senso de urgência no gabinete mais poderoso da República
Desde que Fernando Haddad sentou com Lula para apresentar o arcabouço fiscal, treze dias se passaram. O texto que poderá substituir o teto de gastos no controle de contas do governo é mantido em sigilo pelo Planalto.
Em tese, é uma prioridade de Lula. O presidente, no entanto, dedicou-se nesse período a diferentes agendas sem que o assunto fosse, de fato, encaminhado por ele. Mais centralizador do que nunca, Lula tem contado com Rui Costa para travar discussões na Casa Civil.
Enquanto não apresenta o texto proposto por Haddad, o petista e seus auxiliares se dedicam a malhar o Banco Central numa incompreensível tentativa de interferir numa instituição autônoma para baixar os juros no grito. Roberto Campos Neto já deixou claro que o expediente não funcionará.
O caminho para baixar o juros é claro, só o governo insiste em não percorrê-lo. Se Lula tivesse, até aqui, priorizado de fato a agenda econômica, apresentando ao país o plano de voo do governo na área, não precisaria passar os dias esbravejando. Com o dever de casa cumprido, a bola — e a pressão — naturalmente voltaria para Campos Neto, que se veria obrigado a atuar.
O arcabouço fiscal foi entregue pelo chefe da Fazenda ao Planalto no dia 15 de março. Desde então, Haddad já abordou o assunto por alto com os líderes do Parlamento, esteve com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, mas nada de Lula liberar o material.
O petista usava a viagem à China como argumento, para não dar andamento à proposta. Como teve de adiar o compromisso por causa de questões de saúde, a pressão em torno do assunto continua.
“Precisamos agir mais e falar menos. Mostrar que a nossa parte está sendo feita e aí o Campos Neto que responda por não baixar os juros, apesar da ações concretas do governo. É isso que está faltando”, diz um dos líderes do governo no Congresso.
Faz todo sentido.