A campanha de Lula começou sem freios a propaganda eleitoral na TV no segundo turno. Um vídeo de 30 segundos que passou a ser veiculado nesta sexta no meio da programação das emissoras exibe trechos de uma entrevista concedida em 2016 pelo presidente Jair Bolsonaro em que ele conta que comeria a carne humana de índio, “sem problema nenhum” [assista à inserção abaixo].
A narradora da peça diz que “depois de todos os absurdos que o Brasil já ouviu de Bolsonaro, surge um ainda mais assustador”, enquanto são reproduzidas cenas do presidente chamando a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) de “vagabunda” e imitando uma pessoa dizendo que está com Covid, dando risada.
“É pra comer… cozinha por dois, três dias e come com banana. E daí eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘se for, tem que comer’. Eu falei: ‘eu como!’. Aí, a comitiva, ninguém quis ir…”, diz Bolsonaro, na entrevista a um repórter do New York Times, em 2016. A íntegra da conversa de uma hora e 16 minutos foi publicada no canal do presidente no dia 24 de março daquele ano e continua no ar.
A narradora então diz que “é monstruoso”. “Bolsonaro revela que comeria carne humana”, complementa.
“Eu comeria um índio, sem problema nenhum”, diz o presidente, que na época era deputado federal.
Para concluir, o vídeo diz que “o Brasil não aguenta mais Bolsonaro”.
Veja a propaganda a seguir:
As declarações de Bolsonaro na entrevista ao então correspondente do jornal americano, Simon Romero, ocorreram no contexto de respostas dele sobre a entrada de imigrantes e refugiados no Brasil. O então deputado disse que o país não deveria aceitar quem viesse para “querer impor a sua cultura”.
Na sequência, citou um exemplo do Haiti e disse que esteve no país anos antes e percebeu a miséria local. Ele relatou ter visto mulheres se oferecendo por sexo “sem higiene nenhuma”. “Não comi, não preciso disso. Se precisar, eu como”, declarou.
Ele então emendou com a história sobre o indígena que teria comido. Leia a seguir a íntegra do relato de Bolsonaro:
“Como quase comi um índio em Surucucu [Roraima] uma vez. Eu vou te falar o que é que comer um índio. Vou te falar, ok? Não comi comida nenhuma lá, porque a pessoa fica em cima da panela abanando pra não sentar mosca. Se parasse um segundo, enche de mosca. Estive em Surucucu certa vez e aí comecei a ver lá as mulheres índias passando com carregamento de banana nas costas e um índio passa limpando os dentes com capim. Eu perguntei: ‘o que é que tá acontecendo?’. Eu vi muita gente andando, né? ‘Morreu um índio e eles estão cozinhando’. Eles cozinham o índio. É a cultura deles. O corpo. “É pra comer… cozinha por dois, três dias e come com banana. E daí eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘se for, tem que comer’. Eu falei: ‘eu como!’. Daí, a comitiva, ninguém quis ir… ‘Vamo comigo lá’. Ninguém quis ir. Daí, como a comitiva não quis ir, porque tinha que comer o índio, não queriam me levar sozinho lá. Daí não fui. Eu comeria um índio, sem problema nenhum. É cultura deles. E eu me submeti àquilo, tá ok?”.