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Campanha de Lula abre a caixa de ferramentas contra Bolsonaro na TV

Propaganda eleitoral do petista usa trechos de entrevista antiga do presidente em que ele diz que comeria carne humana de um índio, "sem problema nenhum"

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 out 2022, 15h40 - Publicado em 7 out 2022, 11h21

A campanha de Lula começou sem freios a propaganda eleitoral na TV no segundo turno. Um vídeo de 30 segundos que passou a ser veiculado nesta sexta no meio da programação das emissoras exibe trechos de uma entrevista concedida em 2016 pelo presidente Jair Bolsonaro em que ele conta que comeria a carne humana de índio, “sem problema nenhum” [assista à inserção abaixo].

A narradora da peça diz que “depois de todos os absurdos que o Brasil já ouviu de Bolsonaro, surge um ainda mais assustador”, enquanto são reproduzidas cenas do presidente chamando a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) de “vagabunda” e imitando uma pessoa dizendo que está com Covid, dando risada.

“É pra comer… cozinha por dois, três dias e come com banana. E daí eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘se for, tem que comer’. Eu falei: ‘eu como!’. Aí, a comitiva, ninguém quis ir…”, diz Bolsonaro, na entrevista a um repórter do New York Times, em 2016. A íntegra da conversa de uma hora e 16 minutos foi publicada no canal do presidente no dia 24 de março daquele ano e continua no ar.

A narradora então diz que “é monstruoso”. “Bolsonaro revela que comeria carne humana”, complementa.

“Eu comeria um índio, sem problema nenhum”, diz o presidente, que na época era deputado federal.

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Para concluir, o vídeo diz que “o Brasil não aguenta mais Bolsonaro”.

Veja a propaganda a seguir:

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As declarações de Bolsonaro na entrevista ao então correspondente do jornal americano, Simon Romero, ocorreram no contexto de respostas dele sobre a entrada de imigrantes e refugiados no Brasil. O então deputado disse que o país não deveria aceitar quem viesse para “querer impor a sua cultura”.

Na sequência, citou um exemplo do Haiti e disse que esteve no país anos antes e percebeu a miséria local. Ele relatou ter visto mulheres se oferecendo por sexo “sem higiene nenhuma”. “Não comi, não preciso disso. Se precisar, eu como”, declarou.

Ele então emendou com a história sobre o indígena que teria comido. Leia a seguir a íntegra do relato de Bolsonaro:

“Como quase comi um índio em Surucucu [Roraima] uma vez. Eu vou te falar o que é que comer um índio. Vou te falar, ok? Não comi comida nenhuma lá, porque a pessoa fica em cima da panela abanando pra não sentar mosca. Se parasse um segundo, enche de mosca. Estive em Surucucu certa vez e aí comecei a ver lá as mulheres índias passando com carregamento de banana nas costas e um índio passa limpando os dentes com capim. Eu perguntei: ‘o que é que tá acontecendo?’. Eu vi muita gente andando, né? ‘Morreu um índio e eles estão cozinhando’. Eles cozinham o índio. É a cultura deles. O corpo. “É pra comer… cozinha por dois, três dias e come com banana. E daí eu queria ver o índio sendo cozinhado. Daí o cara: ‘se for, tem que comer’. Eu falei: ‘eu como!’. Daí, a comitiva, ninguém quis ir… ‘Vamo comigo lá’. Ninguém quis ir. Daí, como a comitiva não quis ir, porque tinha que comer o índio, não queriam me levar sozinho lá. Daí não fui. Eu comeria um índio, sem problema nenhum. É cultura deles. E eu me submeti àquilo, tá ok?”.

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