A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), que representa plataformas como Aposta Ganha, BetNacional, GaleraBet e Parimatch, espera um “realinhamento” no discurso e nas ações do governo depois da reunião de Lula com ministros nesta quinta-feira sobre os impactos socioeconômicos de sites de apostas.
O tema ligou o sinal de alerta no Palácio do Planalto desde que o Banco Central publicou uma nota técnica apontando que beneficiários do Bolsa Família teriam gastado cerca de 3 bilhões de reais com as chamadas bets em agosto por meio do Pix.
O presidente da ANJL, Plínio Jorge Lemos, contesta os números. “Quando a gente pega aquela nota e cruza com o perfil do Bolsa Família, que tem 80% de mulheres, e com o movimento de casas de apostas, em que 90% a 95% dos apostadores são homens, chama a atenção se esse volume todo foi mesmo do Bolsa Família”, diz.
Para o advogado, os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e André Fufuca, do Esporte – a cujas estruturas está ligada a Secretaria de Prêmios e Apostas – poderão explicar na reunião com Lula e outros colegas de Esplanada que a regulamentação das bets está avançando, com portarias “bem completas”, inclusive na área da publicidade e em ações de combate à lavagem de dinheiro.
“O governo já entendeu que, se fizer restrição muito drástica da publicidade, as casas de apostas perdem e o governo perde arrecadação, porque uma receita muito grande vai deixar de ir para os clubes de futebol e empresas de mídia. Só quem ganha é o mercado ilegal”, afirma o presidente da ANJL.
A entidade fez uma estimativa com base nos dados disponíveis da nota técnica do Banco Central para argumentar que, dos 3 bilhões de reais que teriam sido gastos por beneficiários do Bolsa Família em bets, pouco mais de 2,5 bilhões de reais teriam retornado aos apostadores em prêmios.
Dos cerca de 450 milhões de reais que teriam ficado nas plataformas, ainda seria necessário, segundo a ANJL, arcar com folha de pagamento, ações de marketing e influenciadores, patrocínios esportivos e de eventos, taxas bancárias e outros custos. “Não é lucro”, diz Lemos.