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A longa resposta de Mercadante ao pedido de desculpas de Suplicy

Ex-ministro diz ter sido alvo de 'acusações injustas' — e explicou motivo pelo qual colega não foi convidado a evento

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2022, 08h42 - Publicado em 24 jun 2022, 19h58

Aloizio Mercadante se manifestou publicamente sobre o episódio que deu o que falar nesta semana, em que Eduardo Suplicy interrompeu um evento do partido para fazer duras e diretas críticas ao correligionário — e ao modo como vinha sido tratado internamente na legenda.

O ex-ministro da Educação diz que a decisão partiu após declaração de Suplicy, que afirmou ter enviado um email se desculpando com o colega na quarta, mas que não havia tido retorno. Mercadante diz que recebeu a mensagem e a respondeu no mesmo dia. (Leia a carta completa abaixo). Logo após o evento, ainda na terça, Suplicy diz tentado se desculpar com um abraço no colega, que rejeitou a investida.

Na carta, o coordenador do programa de governo da chapa LulaAlckmin explica o motivo de Suplicy — assim como outros nomes do PT — não ter sido convidado para o evento e lamentou que a forma “intempestiva” da manifestação do vereador tenha ofuscado a importância do lançamento das diretrizes programáticas da chapa.

Mercadante ainda apontou que o pedido de desculpas deveria ser dirigido “a todos que trabalharam por meses” na construção do documento e defendeu que o gesto deveria ter sido feito de forma “pública e transparente”, tal qual a “manifestação de insatisfação” no ato de lançamento.

Por fim, o petista defendeu sempre ter tido “reconhecimento e afeto” por Suplicy e externou o desejo de que o “incidente” não impeça a luta conjunta de ambos pela eleição de Lula e Alckmin.

Leia a íntegra da carta:

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Companheiro Suplicy,

Sinceramente, acredito que o seu pedido de desculpas, manifestado por e-mail, não deveria ser dirigido a mim, mas a todos que trabalharam por meses, com empenho e dedicação, na construção das diretrizes programáticas da chapa Lula- Alckmin. Com muito esforço coletivo e diálogo, conseguimos, de forma inédita, apresentar ao Brasil um documento que sinterizou a ampla convergência de sete partidos políticos em pontos preliminares e essências para a reconstrução de um país devastado pelo governo anticivilizatório de Bolsonaro.

O ato de lançamento era um momento político importante para divulgarmos nossas diretrizes e convidarmos todos e todas interessados em participar, especialmente os que não tem mandato ou canal institucional. Fomos interpelados de forma intempestiva pela sua manifestação, era o momento histórico e simbólico de demonstração pública da unidade desses sete partidos e da disposição conjunta de enfrentarmos esse gigantesco desafio, que é o de derrotar um governo sem nenhum compromisso com a democracia e com o povo brasileiro. Era também a oportunidade de todos aqueles que se esforçaram na construção do documento apresentarem o trabalho realizado.

Além de não condizer com a postura respeitosa, que é uma marca da sua vida pública e que em um passado recente foi objeto de um artigo meu, que publiquei te elogiando: Suplicy, um gentleman na política brasileira, sua atitude desrespeitosa e agressiva, durante o lançamento das diretrizes, prejudicou o debate qualificado sobre os grandes desafios do país. Também trouxe duas acusações injustas, que precisam ser reparadas. A primeira é de que a renda básica de cidadania não estaria contemplada nas diretrizes do programa de governo. Não é verdade. O tema está no item 20 do documento para desenvolvimento. Bastaria você ter lido antes ou perguntado a qualquer membro da coordenação. Ademais, o NAPP de Desenvolvimento Social, coordenado pela Tereza Campello já tinha marcado uma conversa específica com você para aprofundar o tema. Como informei no evento, estamos instalando uma mesa de diálogo da coordenação do programa, com a participação dos sete partidos da campanha e um calendário para debater com as principais propostas recebidas, que são mais de cinquenta, e a Renda Básica da Cidadania é uma delas.

Outra injustiça, companheiro, foi a insinuação de que eu tenho “alguma coisa” com você. Também não é verdade. Não foram poucas minhas manifestações públicas, ao longo da vida, de reconhecimento e de afeto para contigo, pessoa que sempre classifiquei como sincero, honesto, generoso, respeitoso e cortês. O país tem mudado muito, as relações estão mais agressivas, tensas e o debate político está cada vez mais contaminado, mas espero que não mude a essência da natureza da relação que construímos há décadas. A equipe responsável pelo evento não havia convidado nenhum vereador, deputado estadual, federal ou senador porque as bancadas são grandes e para evitar tratar de forma diferenciada ou privilegiada qualquer parlamentar, mas você evidentemente deveria ter sido convidado, na minha opinião, e participou do evento, com outros poucos parlamentares que exercem funções de direção nos partidos.

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Não tenho dúvidas que de esse incidente não nos impedirá de continuarmos juntos na luta pela eleição de Lula e de Alckmin e pela construção de um Brasil mais justo e mais solidário. Também não pautará da minha parte nossa relação de companheirismo, que, do meu ponto de vista, seguirá marcada pelo respeito e pela ética.

De toda forma, acredito que seu pedido de desculpas deveria dialogar com a sua história de imensa grandeza na vida pública e ser realizado de forma pública e transparente, como você sempre defendeu, da mesma forma que foi a sua manifestação de insatisfação no ato de lançamento das diretrizes do programa de governo. Esse gesto de grandeza deveria ser dirigido a todos e todas que contribuíram com a construção do programa de governo, aos partidos, à nossa aguerrida e apaixonada militância e às nossas lideranças Lula e Alckmin.

Abraço companheiro.

Aloizio Mercadante

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