O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com empresários e integrantes do setor financeiro na noite da última terça-feira, 27, e fez alguns acenos que alimentaram preocupações do mercado financeiro – e outros que animaram o grupo. Lula voltou a afirmar que vai acabar com o teto de gastos em um eventual governo, porque suas gestões “sempre foram fiscalmente responsáveis”, e a reação de alguns economistas na manhã seguinte ao encontro não foi das melhores. “O argumento é frágil visto que a inversão da lógica também é válida, ao passo que, se ele será fiscalmente responsável, poderá governar tranquilamente com um teto de gastos”, avalia Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “É amplamente possível promover acolhimento social e ser fiscalmente sustentável, inclusive com teto de gastos. De fato, não é fácil, pois exige que reformas sejam feitas e zonas de interesses sejam modificadas. De todo modo, o antagonismo entre social e fiscal é falacioso”, completa.
Por outro lado, o ex-presidente fez inúmeras menções a seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), deixando claro que um eventual governo será dividido entre os dois, e que Alckmin pode assumir o ministério da Fazenda, apesar de não ter firmado nenhum compromisso nesse sentido. Importante ressaltar que o nome do ex-governador de São Paulo está entre as apostas para a pasta e é bem visto pelo mercado.
Nos índices acionários, os investidores amanhecem com as bolsas europeias e asiáticas, assim como os futuros americanos, negociando em baixa em função do acirramento das tensões entre Rússia e União Europeia. Investigações apontam a possibilidade dos russos terem sabotado os gasodutos de Nord Stream, e os preços do gás natural voltaram a ganhar tração. Além disso, o rendimento de 10 anos do título americano bateu seu nível mais alto desde 2008, acima de 4%, com preocupações de aumentos mais agressivos na taxa de juros americana.
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