Uma das primeiras medidas do recém empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva pautou-se pela preocupação acerca dos preços praticados pela Petrobras, com a prorrogação da isenção de impostos sobre combustíveis. Iniciada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a isenção dos tributos federais PIS/Pasep e Cofins foi estendida em 60 dias para a gasolina e em um ano para o diesel pouco após a posse do petista. Para um dos ex-presidentes da Petrobras exonerados por Bolsonaro, o general Joaquim Silva e Luna, dar continuidade à isenção não se justifica. Os combustíveis são bens com tributação elevada, mas os preços dessas commodities caíram desde o início da isenção, de modo a torná-la desnecessária, segundo Silva e Luna. Entretanto, o general reconhece o cálculo político envolvido. “Subir a rampa do Palácio do Planalto subindo o preço dos combustíveis é complicado. Politicamente, isentar por 60 dias foi bom para o novo governo”, disse em entrevista ao Radar Econômico.
Em relação às expectativas de Silva e Luna sobre a gestão da estatal nos próximos anos, sob o comando do senador Jean Paul Prates (PT-RN), o ex-presidente da companhia entende que mudanças significativas são prováveis, mas espera que medidas radicais não sejam perseguidas. Silva e Luna condenou duramente certas políticas que poderiam ser adotadas, como o tabelamento de preços e o abandono completo do PPI (Preço de Paridade de Importação). “É algo que não funciona, tabelar preços seria como voltar casas no tabuleiro”, diz. Quanto ao PPI, o general considera que a alta dependência do país da importação de combustíveis torna a paridade necessária. “Atualmente, acabar com importações seria sinônimo de desabastecimento”, diz. Por outro lado, Silva e Luna não vê problema no governo ter a autossuficiência em derivados de petróleo como meta, a ser atingida pela ampliação gradual de refinarias. “Isso é uma decisão de governo, simplesmente, um modelo possível de ser perseguido”, diz.
Em meio às incertezas que pautam o atual momento da Petrobras, que assombram seus acionistas, Silva e Luna demonstra otimismo e tranquilidade. Diz que o futuro presidente da estatal tem bom senso e recomenda que o petista converse com a diretoria da empresa antes de propor novas políticas. “Que ele converse com a diretoria antes de tomar decisões, nem que seja para demitir todos os diretores atuais. Vale a pena ouvi-los para não ser pautado por leigos”, diz. Incomodado com o mau desempenho das ações da companhia, o general reitera que espera racionalidade da futura gestão. “Não há espaço para amadorismo em uma empresa do porte da Petrobras”, diz.
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