A Berf, empresa que pertence à família de um dos fundadores do Bertin, entrou com uma ação judicial na Justiça de São Paulo para tentar revisar a fusão do grupo com o JBS. A empresa já tinha entrado com um pedido de produção antecipada de provas, mas, mesmo sem ter conseguido documentos dos bancos que participaram da operação, alega que durante o processo de fusão, as quotas do Bertin foram repassadas pela Blessed por valor vil. O caso do uso da Blessed na fusão está sendo revisitado pela CVM. Mas, neste processo aberto na Justiça, a Berf pede oficialmente para ampliar a participação do Bertin no negócio. Nas alegações na Justiça, a empresa diz que tem direito a 23,5% das ações da JBS.
A J&F Investimentos que é empresa da família Batista que controla a JBS se mostra bastante tranquila com o processo. O advogado da J&F, Francisco de Assis e Silva, disse, em nota, que a fusão já aconteceu há 12 anos e foi aprovada sem o voto da J&F Investimentos. O advogado diz ainda que a ação da Berf é parte de “engenhosos esforços do doleiro Lucio Funaro para tentar obter alguma vantagem da J&F Investimentos”. Também em nota, Funaro disse não ter interesse na relação da Berf com a J&F e que a empresa só quer desviar atenção dos fatos. “Na condição de colaborador da justiça, se chamado a dar qualquer tipo de testemunho à justiça brasileira ou de qualquer outro país, falarei a verdade sobre os fatos dos quais tenho conhecimento”.
Funaro era operador do então deputado Eduardo Cunha e atuou em empréstimos da Caixa para empresas dos Batistas. Assim com os irmãos Joesley e Wesley Batista, Funaro fez delação premiada com o Ministério Público. Funaro e os Batistas viram inimigos durante este período das delações. Antes disso, Funaro foi um dos assessores dos principais sócios da Bertin no acordo feito com a J&F quando a questão da Blessed foi parar pela primeira vez na Justiça. Mas o caso não foi adiante justamente por causa do acordo. A Berf, no entanto, não fez parte desta negociação.
O processo judicial de agora promovido pela Bert corre em segredo de Justiça, mas seus detalhes foram revelados em agravo de instrumento ao tribunal no dia 8 de junho em que a Berf questiona a decisão do juízo da 35a. Vara Cível de transferir a causa para uma das varas empresarias.
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