O presidente de Furnas, Clóvis Torres, pediu demissão da subsidiária da Eletrobras e os investidores já se preocupam com o que isso pode significar para a privatização. Torres era considerado um nome de mercado e aceitou o cargo em função da perspectiva de venda da empresa. Agora ele garante que está saindo porque está perdendo oportunidades no setor privado. Em seu currículo, Torres tem uma passagem de 7 anos pela Vale, onde foi diretor.
De qualquer forma, a demissão não poderia vir em pior hora. Furnas neste momento assumiu protagonismo na privatização da Eletrobras por conta de uma capitalização que precisa ser feita na Santo Antônio Energia, onde Furnas detém 43% de participação. A usina perdeu uma arbitragem e precisa pagar cerca de 1,5 bilhão de reais e o dinheiro para o pagamento terá que vir por meio de um novo aporte de capital dos sócios, sob risco de haver uma aceleração de toda a dívida não só da Santo Antônio como de outras sociedades de propósitos específicos da Eletrobras. O problema é que os outros sócios não querem acompanhar a capitalização, como noticiou o Radar Econômico, e os funcionários que são acionistas de Furnas questionam a forma como a Eletrobras fez a análise para decidir por fazer sozinha a capitalização enquanto outros sócios pularam fora do barco. Entre os outros sócios estão Andrade Gutierrez e Odebrecht, que além de sócias eram também as construtoras responsáveis pela obra e ganharam via arbitragem o direito de receber quase 1 bilhão de reais em aditivos pelas obras. Com a capitalização sendo feita só por Furnas, a usina poderá ser estatizada.
*Quer receber alerta da publicação das notas do Radar Econômico? Siga-nos pelo Twitter e acione o sininho.