O professor Mauricio Tolmasquim, do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, diz que o setor da energia no Brasil demanda preocupações por parte do governo. Ele, que foi coordenador do grupo de trabalho de Minas e Energia durante o período de transição de governo, prevê dificuldades para que a atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga reduzir o atual patamar das contas de energia no país devido a concessões feitas durante o processo de privatização da Eletrobras, em 2022.
“A primeira coisa a se fazer é evitar novos aumentos extraordinários além dos que já estão contratados. O maior deles é a questão dos 8 mil megawatt de termoelétricas que foram colocados no projeto de privatização da Eletrobras e que são localizados em lugares onde não há gasoduto, longe do centro de consumo e com um custo estimado de operação bastante expressivo, mais de 52 bilhões de reais, fora o investimento que tem de ser feito”, diz ele. “A outra questão é tentar reduzir os subsídios que são desnecessários e que são cobertos pela tarifa do consumidor. Nós chegamos a uma situação paradoxal na qual o Brasil tem um dos custos de geração de energia mais baixos do mundo e uma das mais altas tarifas. Isso se dá por causa de uma série de encargos cobrados na conta do consumidor.”
Sobre os incidentes ocasionados no último dia 10, quando três torres de transmissão foram derrubadas no Paraná e em Rondônia, sob indícios de sabotagem e vandalismo, Tolmasquim alerta que o sistema de transmissão é “bastante robusto”, mas o setor não está ileso a atos terroristas. “Como a gente tem um sistema todo interligado, dependendo de onde ocorra o problema, isso poderia se tornar um efeito dominó”, afirma.