VEJA Mercado | Fechamento da semana | 17 a 21 de junho
O mercado foi pego de surpresa na segunda-feira, 17, quando o Banco Central (BC) divulgou a edição mais recente do IBC-Br, índice considerado a prévia do Produto Interno Bruto, o PIB. Contra a expectativa de estabilidade, observou-se uma queda de 2% na atividade econômica de maio — contrastando com o saldo positivo de 0,56% de abril. Apesar da quebra de expectativa negativa, os investidores não se deixaram desanimar. A avaliação é de que o dado seria um tropeço, um ponto fora da curva, ao invés de uma tendência. Nesse sentido, vale destacar que o mercado segue melhorando sua previsão para o PIB de 2023. No último Boletim Focus, que dá o humor dos agentes financeiros quanto ao tema, estima-se uma elevação de 2,24% no PIB deste ano. Na semana anterior, a previsão era de um aumento de 2,19%. O Ibovespa, principal índice do mercado de capitais, operou no embalo desse otimismo ao longo da semana, encerrando os últimos cinco dias úteis com saldo de 2,16%. Já o dólar reagiu em guinada semelhante com queda de 0,25% na semana, cotado a 4,78 reais.
O susto do IBC-Br negativo, contudo, trouxe grande incômodo ao governo federal, que culpabiliza a elevada taxa de juros praticada pelo Banco Central. Questionado sobre a prévia do PIB, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disparou contra a autoridade monetária. “A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte”, disse, apesar da boa relação entre o ministro e Roberto Campos Neto, presidente do BC. Haddad frisou que os efeitos da política do banco preocupam o governo. No entanto, a visão da Fazenda para o crescimento anual está mais otimista do que nunca, revisando para cima sua estimativa de 1,9% para 2,5% na quarta-feira, 19. Nota-se que o otimismo é maior, inclusive, que o do mercado. Em relatório da Secretaria de Política Econômica (SPE), é uma provável queda nos juros no segundo semestre é elencada como fator que impulsionaria a economia.
Outros movimentos de Haddad na última semana se destacaram em meio ao marasmo do recesso parlamentar e das férias de parte da Faria Lima. O ministro anunciou um pacote de reformas financeiras com o objetivo de atrair mais empresas ao mercado de capitais. Os pilares da proposta passam pela redução de burocracia e custos de ofertas públicas de títulos de renda fixa. Além do incentivo ao setor, Haddad também comentou sobre a iminente reforma do Imposto de Renda, que seguirá a reforma dos impostos sobre o consumo. Durante o lançamento das reformas financeiras na quinta-feira, 20, o ministro reafirmou que as reformas referentes à tributação visam um efeito fiscal neutro, com um aumento da arrecadação sendo perseguido em outras frentes. Afirmou também que, a fim de não atrapalhar a reforma sobre o consumo, que logo será pautada pelo Senado, a reforma sobre a renda ficará “lá pro fim do ano”, em suas palavras.
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