Com a reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, marcada para esta quarta-feira, 21, o mercado prevê uma nova alta nos juros que pautam a economia global. Especulações a respeito do que será decidido na reunião têm tirado o sono de agentes do mercado, em meio a uma guerra contra a inflação que aparenta só se estender. Em entrevista ao Radar Econômico, Penny Goldberg, ex-economista-chefe do Banco Mundial afirma que o Fed demorou para iniciar o ciclo de altas. “O consenso é de que o Fed terá que aumentar consideravelmente as taxas de juros nos Estados Unidos. Isso depois de perderem um tempo valioso no último ano ao falharem em reconhecer a extensão do problema”, afirma.
Goldberg afirma que a guerra na Ucrânia na confusão econômica não foi causadora de disrupções mais profundas, mas, sim, de abalos em grande escala. “Ninguém dirá que a guerra foi a causa da inflação. Mas a guerra impactou muitas coisas, como os preços da energia, especialmente na Europa. Há muitos efeitos indiretos também, como a mudança de expectativas sobre o futuro. Acreditava que, na ausência dessa guerra, a economia eventualmente voltaria ao normal. A escassez da cadeia de suprimentos era pontual, tivemos um choque de demanda positivo. Poderia levar algum tempo, mas eventualmente voltaria ao normal. Então vivemos em um mundo muito diferente do que se imaginava que viveríamos antes do conflito”, diz.
Para ela, esse abalo em um sistema já com certa fragilidade teria contribuído para a demora na reação do Fed à inflação, que se viu em uma situação econômica bastante peculiar e de difícil compreensão. Com os juros americanos atualmente fixados entre 2,25% e 2,5% ao ano, a expectativa maior é de que a elevação de hoje deve ser de 0,75 ponto porcentual. Desde a divulgação dos últimos números de inflação nos Estados Unidos na semana passada, que vieram acima do esperado, a possibilidade do órgão elevar os juros em 1 ponto percentual tem sido considerada com bastante seriedade.
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