Diversidade é fácil porque é só número. Quero ver é fazer inclusão
Executivo muda a sua carreira para ajudar empresários a construir uma empresa mais igual
Deives Rezende é um homem negro, de 59 anos, que tem uma carreira bem-sucedida de 40 anos. Passou por todo tipo de banco, dos estrangeiros ao Itaú Unibanco, onde liderou a mudança do código ética depois da fusão e também foi ombudsman, o homem que resolvia os conflitos. Instruído pelo pai, desde jovem nunca baixou a cabeça. Trabalhou o dobro, botou como meta não errar. É assim que negros crescem na carreira, certo? Errado. E isso é Deives mesmo quem diz. Apenas tardiamente, já mais maduro, Deives percebeu que em alguns dos lugares pelos quais passou, brancos foram promovidos mesmo tendo menos qualificação que ele. Durante décadas, em algumas instituições ele era o único negro na mesa de reunião. Os outros negros do andar ou do prédio estavam limpando banheiros. Hoje, Deives está relançando sua consultoria, a Condurú, que antes era focada em coaching de executivos. Mas ele percebeu que seus clientes querem falar de diversidade. Os líderes de empresas perceberam que seus clientes ou seus jovens talentos simplesmente deixam a empresa se não encontram valores nos quais acreditam, e diversidade é um deles.
Mas Deives alerta: diversidade é muito fácil fazer porque são números. “Ah, são tantos negros trabalhando na minha empresa. Mas quais cargos eles ocupam? Quero ver é fazer inclusão”. De negros, de mulheres, de pessoas com deficiência, de LGBTQI+. E fazer inclusão não é ser paternalista. É acolher. É criar um ambiente de apoio. É ensinar, diz Deives. Não adianta só convidar para o baile, como diz a vice-presidente de estratégias de inclusão da Netflix, Vina Myers. Tem que tirar para dançar e se não souber dançar, ensinar. A propósito, Deives chama a atenção: “reparou no nome do cargo da VP da Netflix?”