O início da guerra na Ucrânia às vésperas do planejamento da safra 2022 /2023 está deixando os produtores agrícolas de cabelo em pé. O risco de produção disparou já que o Brasil é altamente dependente dos fertilizantes russos. Para se ter uma ideia, 99% do nitrato de amônio, por exemplo, um importante fertilizante usado pelos produtores brasileiros, vem da Rússia. A Rússia responde por 29% do potássio consumido no país e sua aliada Bielorrússia, outros 19%. Para ficar em alguns exemplos.
José Carlos de Lima, da consultoria Markestrat, que atua neste setor agrícola, diz que antes mesmo da guerra já havia um risco de desabastecimento e os fertilizantes já estavam mais caros. Agora há um risco extra com possíveis sanções à Rússia que podem encarecer ainda mais os fertilizantes e mesmo sem sanções já existe o problema de fechamento de portos e rotas comerciais, que embutem o risco de entrega. “No inicio da safra, preciso planejar quanto planto, quanto vou comprar, de onde vou comprar, quanto tempo leva para chegar. Já estava nebuloso, com problemas de cadeia de abastecimento. Agora é mais um adicional”, diz Lima. “O produtor vai ter que conviver com a elevação do custo de produção e aí vem o dilema: o produtor compra num custo alto e repassa, mesmo com o mundo já inflacionado, ou reduz a área de plantio?”
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