Os analistas dos principais bancos estimam um impacto negativo do boicote de frigoríficos ao Carrefour no Brasil. Grandes associações do agronegócio e as fornecedoras de carne bovina publicaram notas em que repudiam a suspensão das importações de carne de países do Mercosul por parte do Carrefour da França. A suspensão foi anunciada pelo CEO global da empresa depois de pressões de agricultores locais. “Se não serve para abastecer o Carrefour na França, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país”, escreveram as associações em nota. Os analistas do banco J.P Morgan acreditam que cerca de 30% a 40% das lojas do Carrefour estariam mostrando sinais de escassez de carne bovina.
Os analistas do banco Bradesco BBI estimam em relatório enviado a clientes que a carne bovina seja responsável por cerca de 4% a 5% das vendas totais do grupo no Brasil. “É uma categoria importante para direcionar o tráfego para varejistas de alimentos”, dizem os analistas. As medidas contra o Carrefour podem ter impacto negativo nos resultados da empresa. “Cada dia de interrupção representaria de 0,07% a 0,13% de queda nas estimativas de vendas do quarto trimestre e de 0,54% a 1,09% de queda no lucro líquido”, projetam os analistas do banco Goldman Sachs.
Já para os frigoríficos, a tendência é que o boicote não impacte negativamente os negócios das empresas. A França é responsável pela importação de 0,002% do total de carnes embarcadas pelo Brasil. “Embora represente um risco de desabastecimento e rupturas no Carrefour, o impacto no fluxo de caixa dos frigoríficos deve ser limitado, enquanto a medida reforça sua posição perante outros clientes e parceiros comerciais”, dizem os analistas da Genial Investimentos.