O então recém-empossado presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, teve uma inglória tarefa na sua primeira reunião depois de assumir a autarquia em janeiro de 2003: elevar a taxa de juros do Brasil. A alta foi de 0,5 ponto percentual e levou a taxa Selic de 25% para 25,5%. No segundo encontro do comitê, uma nova alta de juros. Os movimentos pegaram a todos de surpresa e foram considerados um gesto importante de credibilidade e autonomia do BC. “Na minha época, havia uma convicção entre todos os agentes econômicos de que o Banco Central sob um governo do PT seria leniente com a inflação. Era necessária uma demonstração de compromisso do BC com a inflação”, disse Meirelles em entrevista ao programa VEJA Mercado nesta quinta-feira, 29.
Gabriel Galípolo, indicado pelo governo Lula para assumir o Banco Central em janeiro de 2025, pode ter uma tarefa semelhante. O atual diretor de política monetária do BC tem reforçado em eventos que todas as opções estão na mesa do Copom — inclusive uma alta de juros. A próxima reunião do comitê acontece em setembro — ainda sem Galípolo oficialmente na cadeira de presidente. “É uma situação um pouco diferente. Naquela época a diretoria e o presidente tinham acabado de assumir o mandato, assim como o presidente Lula. A inflação hoje de fato está um pouco alta, mas o fato é que vai existir uma continuidade do trabalho do Galípolo como diretor do banco. Outros membros também vão permanecer e já há um certo histórico de votos, é uma situação diferente”, diz Meirelles. O VEJA Mercado vai ao ar de segunda a sexta, ao vivo em todas as redes sociais, a partir das 10h.
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