Com bom trânsito entre os principais candidatos à presidência da República, o Grupo Esfera publicou uma análise dura sobre as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL). O grupo empresarial, comandado por João Camargo, convidou a economista-chefe da Grimper Capital, Mariam Dayoub, para analisar os programas dos principais candidatos. Ela aponta que, dos planos apresentados, apenas o de Lula “permite ao eleitor compreender aonde se quer chegar: uma economia com um Estado maior e mais intervencionista”. “O plano parece estar sendo apresentado aos eleitores em meados dos anos 2000, com diversas propostas já implementadas no segundo governo Lula e na administração de Dilma Rousseff. Ou seja, não foi modernizado para eleição de 2022 e não reconhece mudanças no pano de fundo local”, diz a análise que elenca a aversão a privatizações e o risco de revisão da reforma trabalhista.
Já sobre o programa de Bolsonaro, Mariam aponta que, apesar de se comprometer com uma política fiscal que reduza a relação entre dívida e PIB, o texto “não identifica o mecanismo que seria utilizado para esse objetivo, uma vez que o teto de gastos foi fragilizado”. “Em termos genéricos, o plano busca agregar valor à produção do nosso setor primário – a ideia não é nova, mas é algo que não avançou muito, como nossa pauta de exportações ilustra – o que seria benéfico para a economia do país, rico em recursos naturais em um mundo onde há riscos crescentes de escassez de commodities após uma década em que se investiu pouco no setor”, afirma. O texto reitera ainda que, para que o país consiga avançar na entrada da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o governo de Bolsonaro deveria ater-se com mais afinco aos compromissos ambientais.