A recente condenação do jogador Daniel Alves por agressão sexual em Barcelona, Espanha, é um marco que evidencia a necessidade de mudanças na cultura do futebol. O caso lança luz sobre a persistente cultura machista que ainda permeia o esporte mais amado do Brasil e do mundo. Nesta semana, outro caso de violência contra a mulher envolvendo um jogador de futebol ganhou espaço na imprensa. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) anunciou que irá julgar o processo de Robinho no dia 20 de março. O ex-jogador foi condenado a nove anos de prisão na Itália.
O futebol, por muito tempo, tem sido um reflexo da sociedade, com suas virtudes e mazelas. No entanto, a idolatria cega aos jogadores e a complacência com comportamentos inadequados contribuem para perpetuar um ambiente onde a violência de gênero encontra terreno fértil. A condenação de uma figura pública como Daniel Alves é um sinal claro de que ninguém está acima da lei, mas também de que é hora de uma reflexão profunda sobre os valores que queremos associar ao futebol. A falta de punição para Robinho é um tapa na cara da sociedade.
É imperativo que o futebol se transforme em um espaço seguro e inclusivo, livre de violência e discriminação, mas temos que ter em mente que isso não é um problema presente apenas no universo futebolístico, e, sim, de toda a sociedade e de como construímos a masculinidade e a sociabilidade dos homens. E, infelizmente, o futebol se tornou um terreno fértil para que o machismo da sociedade seja exacerbado.
Mas voltando para o caso em questão, é necessário ir além da punição individual e promover uma mudança cultural abrangente. Os clubes, as federações e, especialmente, os jogadores, como ícones de influência, têm um papel fundamental nessa transformação. Eles devem ser exemplos de respeito, empatia e igualdade, dentro e fora dos campos.
As marcas patrocinadoras também desempenham um papel crucial nesta jornada. Elas têm o poder e a responsabilidade de incentivar práticas positivas nos clubes e times que apoiam. Ao vincular sua imagem a equipes e atletas comprometidos com a igualdade de gênero e o respeito mútuo, as marcas não apenas contribuem para a evolução do esporte, mas também se alinham às expectativas de uma sociedade cada vez mais consciente e exigente. Os consumidores, por sua vez, estão atentos e dispostos a cobrar posturas éticas das empresas que escolhem apoiar.
A implementação de programas de educação sobre igualdade de gênero nas categorias de base, a promoção de debates públicos sobre o tema e a aplicação de punições exemplares em casos de violência e assédio são medidas essenciais para construir um novo paradigma no futebol.