Pela proximidade com a capital paulista, a cidade de São Roque sempre foi um destino familiar, visto como uma boa alternativa para passar um dia ou, no máximo, um final de semana. Há uma grande variedade de restaurantes que oferecem menus inspirados na gastronomia portuguesa e italiana, com infraestrutura para atrair um público variado. E há, claro, o Roteiro do Vinho, conhecido pelos vinhos de mesa lá produzidos. Mas a cidade vive agora um momento de transição e busca ser reconhecida também como um destino enogastronômico de luxo, com opções para diferentes públicos. E muito mais perto de São Paulo que Campos do Jordão.
Essa mudança é acompanhada também por um novo momento vivido pelas vinícolas da região, que têm usado novas técnicas de vinificação e investido no plantio de variedades de Vitis vinifera como Cabernet Franc, Syrah, Tempranillo e Alvarinho, entre outras, e vêm elaborando vinhos finos de qualidade. Não à toa, algumas empresas da região, como a Vinícola Góes, receberam medalhas importantes no Decanter Awards, um dos maiores do mundo. Os rótulos de mesa ainda são os carros-chefe da produção local, mas há boas alternativas, com preços atrativos. Em meados de agosto, a cidade recebeu o São Paulo Wine Festival, evento com produtores locais e importadores que ocupou diversos estabelecimentos da região durante dois finais de semana.
Mas o vinho é apenas um dos novos atrativos. Há um crescente foco em alternativas de hospedagem de luxo. É o caso do NÓR Hotel & Spa, empreendimento inaugurado há poucos meses que propõe uma imersão na natureza. A estrutura é formada por cabanas, com opções para duas ou quatro pessoas, além do restaurante Rocco, focado em gastronomia italiana contemporânea, adega abastecida com rótulos nacionais e internacionais e um spa, além de experiências como passeios de bicicleta e piqueniques. A diária custa cerca de R$ 2 mil e ele é uma alternativa interessante principalmente para casais.
Há, é claro, outras opções de hospedagem, como pousadas e hotéis mais tradicionais, caso do Villa Rossa, pioneira opção de luxo na cidade que hoje conta com um grande complexo de lazer voltado para famílias. Mas se houve um incremento de visitantes, como é o objetivo da cidade, a rede hoteleira existente pode não dar conta da demanda. E com o foco tão centrado no turismo enogastronômico, é fundamental ter onde ficar por lá. Não à toa, algumas das vinícolas da região já começam a estruturar suas próprias opções de hospedagem, que devem abrir as portas a partir de 2024.
A mudança é positiva para todos. Há uma ampliação das ofertas disponíveis, que favorecem uma visita mais demorada à cidade. A proximidade da capital é um fator positivo. Dá até para fazer a viagem de carro elétrico, com opções de recarga no caminho e na própria cidade.
Mas as tradicionais atrações se mantém. Durante a primavera, por exemplo, São Roque celebra a safra da alcachofra com menus temáticos espalhados por diversos pontos do Roteiro do Vinho, como o complexo Vila Don Patto. Em janeiro e fevereiro, há eventos em torno da colheita das uvas. Nos meses de inverno, algumas vinícolas também fazem uma programação voltada para a colheita de inverno.
O grande desafio, agora, é manter o público cativo, que visita a cidade regularmente, mas também atrair um novo perfil de consumidor que pode não associar de forma imediata a cidade de São Roque a experiências de luxo.