De fora, o Citroën Ami é simpático. Seu tamanho reduzido (são apenas 2,41 metros de comprimento, 1,39 metros de largura), seu formato em cubo, as linhas arredondadas e a frente e a traseira simétricas, que lembram um rosto robótico, meio estilizado, cativam de primeira. Não tem portas nem janelas, apenas barras laterais que deixam o ar circular, e um pequeno teto solar. Por dentro, tem um acabamento simples, com algumas curiosas soluções para armazenamento de objetos e apenas o absolutamente necessário para guiar. Um câmbio de relação única com três posições, uma enorme alavanca de câmbio e dois bancos de plástico.
Mas em movimento o Ami é bem divertido. Dirigimos a versão Buggy, mais “aventureira“, parte de uma série especial que teve 50 unidades produzidas em 2022 e outras mil em 2023. Uma delas veio ao Brasil e pertence à Stellantis, dona da Citroën, e está sendo usada como veículo de trabalho no Haras Tuiuti, autódromo localizado no interior de São Paulo. Rodamos pela pista com o pequeno carrinho para ver como ele se comporta.
A direção não tem nenhuma assistência, mas é leve. A suspensão tem curso pequeno e é possível sentir as irregularidades do piso. E a velocidade é limitada eletronicamente a 45 km/h, já que seu uso é restrito a ambientes urbanos ou controlados e ele não pode entrar em uma rodovia. Não que ele pudesse ir muito mais rápido: seu motor rende apenas 8,1 cv de potência.
Na Europa, o Ami é comercializado como uma “solução de mobilidade“. Afinal, não pode ser considerado um “carro”, pois não atende aos requisitos de segurança. É um quadriciclo elétrico que até adolescentes a partir de 14 anos podem conduzir, desde que façam um curso. Sua bateria de 5,5 kWh de capacidade rendem cerca de 75 quilômetros de autonomia e podem ser carregadas em uma tomada de 220 volts comum, de três pinos, em cerca de três horas. Tem outras versões além da Buggy. A tradicional tem portas e janelas e espaço para dois ocupantes. E a My Cargo é feita para um único ocupante, com o espaço restante dedicado ao transporte de cargas.
É pensado para deslocamentos pela cidade. Além do uso comum, vem sendo adotado como veículo de trabalho em vários países. Na Grécia, por exemplo, faz parte da frota da polícia e é usado como viatura de patrulhamento. Em Portugal, o serviço postal comprou 160 unidades da versão cargueira para fazer entregas. No Marrocos, também foi comprado pelos Correios de lá. Na França, é usado por empresas locais para entregas de equipamentos.
O Ami tem uma história curiosa. Seu nome é uma referência a um modelo produzido entre 1961 e 1978 na França. Desenhado pelo designer Flaminio Bertoni (1903-1964), tinha um visual revolucionário, com as colunas C do carro voltadas para a traseira, e era oferecido em versões sedã e perua. Para muitos, é um dos veículos mais feios produzidos. Para outros, tem um charme único.
A Stellantis já afirmou que pretende trazer o Citroën Ami ao Brasil. Mas ele não será comercializado para uso nas ruas e deve ficar restrito a ambientes controlados. O que faz mais sentido. Por aqui, carros pequenos não costumam fazer tanto sucesso.