Vamos falar sinceramente? Então, vamos. Existem os torcedores que debatem o futebol de forma consciente, justa, sem clubismo, e os que gostam de zoar, provocar os rivais, criar polêmicas, incendiar as resenhas. Falo desses que, por exemplo, chamam Zico de pé frio e esculhambam os jogadores, alguns cracaços, que nunca venceram uma Copa. Só posso considerar isso uma piada, afinal Zico foi um dos maiores de todos os tempos. Essa introdução é para falar sobre o trabalho de Fernando Diniz.
Há alguns anos venho destacando isso, mas a imprensa o menospreza e até, em alguns casos, falta com o respeito, o ironiza, alega que seus times não tem consistência e todas essas baboseiras vindas desses comentaristas que nunca chutaram uma bola. Mas, nesse domingo, após a vitória maiúscula do São Paulo por 4×1 no Flamengo, os comentaristas, um em especial, disse que, agora sim, o São Paulo estava credenciando a ser um dos candidatos ao título. Isso é uma grande palhaçada. Isso não é um elogio ao São Paulo, mas ao Flamengo. O rubro-negro já sofreu algumas goleadas exatamente pela forma ofensiva com que joga. Levará outras. O São Paulo também já foi goleado e mesmo assim nunca deixei de elogiar o trabalho do Diniz, assim como exaltava o de Jorge Jesus.
O trabalho que Diniz faz com os jogadores é básico, mas importantíssimo para suas carreiras. Diniz treina exaustivamente os fundamentos, o que, claramente, não vem ocorrendo com o Galo, de Sampaoli, que também gosto. Se o Volpi pegou dois pênaltis é sinal de treinamento. Diniz vive na corda bamba porque arrisca, ousa, totalmente ao contrário de Odair Hellmann, técnico do Fluminense, que vem conseguindo avançar usando a velha e ultrapassada estratégia da escola gaúcha. Me perdoem os tricolores, mas o Fluminense joga feio.
O time do São Paulo não é milionário e alguns garotos já se destacam. Ainda cometem erros primários, mas por conta dessa ousadia vimos surgir Brenner. Por isso, desaconselho que os comentaristas repitam que só agora, após vencer o Flamengo, Diniz surge como candidato ao título. Outro dia, um locutor, que agora também é comentarista – mas quem não é comentarista? – afirmou que Pedro já é melhor do que Lewandowski. Como levar a sério essa turma que prefere, a todo custo, ficar bem com os rubro-negros, mesmo que de forma constrangedora, do que debater futebol de forma consciente. Nesta semana, meus ouvidos doeram quando um narrador disse que o jogador “ligou o piloto automático”. Por um segundo achei que estava assistindo Fórmula 1! Pior que até os jogadores estão se contaminando com esse vocabulário e, durante uma entrevista, um deles disparou que “o time joga no X1 e está sem identidade”. Melhor parar por aqui!