Nesta semana, o cantor Seu Jorge foi impedido por um cartório de São Paulo de batizar seu filho recém-nascido com o nome Samba. Seu Jorge não está sozinho na saga dos que elegeram nomes peculiares aos rebentos. Gilberto Gil, um gigante da nossa música, também já passou por um constrangimento parecido quando tentou registrar sua filha Preta. “Quando fui fazer o registro, eu falei para a moça registrar ‘Preta’. Ela perguntou: ‘Preta?’ Eu disse: ‘Sim. Se for Branca, Bianca, Clara, pode? Acho que a senhora já registrou muitas’. Aí ela colocou”, relembrou o músico recentemente.
No Brasil nenhum nome é proibido, mas há uma lei de Registros Públicos, de 1973, que dá ao oficial o poder de julgar se o nome poderá causar danos à criança. Proibir o registro de nomes de criança pelo Estado deveria seguir critérios bastante específicos, como no caso da Alemanha, que não aceita “Adolf Hitler” por motivos óbvios. Ou da Suécia, que proibiu uma pessoa de registrar “Brfxxccxxmnpcccclllmmnprxvclmnckssqlbb11116” com a simples justificativa de que “não é um nome”. Faz sentido.
Não é de hoje que personalidades famosas têm o desejo de dar nomes no mínimo excêntricos. O bilionário Elon Musk e sua ex-esposa, a cantora Grimes, tentaram batizar o filho de X Æ A-12, mas foram impedidos porque as leis da Califórnia proíbem o uso de numerais. A saída foi usar um numeral romano: X Æ A-XII. Dado a dificuldade de articular o nome, o filho é chamado apenas de Baby X. A excentricidade não ficou por aí. Depois de Baby X, Musk teve outros filhos gêmeos com Shivon Zilis, cujos nomes não foram divulgados, e mais um outro com Claire Boucher, batizado de Exa Dark Sideræl. Coitadas dessas crianças, elas, sim, terão dificuldades no futuro com seus nomes, a começar pelo teclado dos computadores, que não têm a letra medieval Æ, atualmente usada apenas nos países nórdicos e no vaticano, nos textos escritos em latim.
No Brasil, o exemplo mais lembrado de nomes fora do comum de famosos vêm dos filhos de Baby do Brasil e Pepeu Gomes: Kryshna Baby, Pedro Baby, Nãna Shara, Zabelê e Riroca. Esta última não gostava do nome e mudou para Sarah Sheeva. E, até onde se sabe, quando eles foram registrados, o cartório não fez nenhuma objeção. Apesar de não adepto de nomes diferentes, Tim Maia também se envolveu em um caso curioso com o nome do filho. Ele registrou a criança como Carmelo Maia, escolhido na época que ele se filiou à seita Cultura Racional pois era, segundo o guru, um nome “sem pecado e desmagnetizado”. Tim, no entanto, queria que o filho se chamasse Telmo. Ao voltar para casa, ele disse para a família que o havia registrado como Telmo e só foram descobrir que o nome da criança era outro na escola, quando olharam a certidão de nascimento. O músico, porém, sempre o chamou de Telmo.
Quem também se arrependeu do nome do filho e o “rebatizou” foi a socialite Kylie Jenner, que escolheu Wolf (lobo). Meses depois, ela avisou que o nome da criança, na verdade, era Aire. Da família Kardashian outros exemplos de nomes esquisitos vêm dos filhos de Kim com o rapper Kanye West que se chamam North West (que soa como Noroeste em inglês) e Saint (santo). Hollywood, aliás, é um celeiro de bizarrices. Nicolas Cage, um fanático pelo Super-Homem, batizou seu filho de Kal-El, o nome kriptoniano do herói. O chef e apresentador de TV Jamie Oliver é outro caso. Ele não teve o mesmo capricho com os nomes da prole que costuma ter com as panelas, batizando-os de Poppy Honey Rosie, Daisy Boo Pamela, Buddy Bear e Petal Blossom Rainbow. A lista é extensa, divertida e não caberia neste texto.
A escolha de Seu Jorge, logo, é bastante simpática: ela tem tudo a ver com o cantor e – caso ele consiga batizar a criança assim -, Seu Jorge poderá orgulhosamente se autointitular como o “pai do Samba”. No mínimo divertido.