Taylor Swift já provou ter faro apurado na curadoria de artistas iniciantes. A mais nova protegida da cantora é a rapper americana de 23 anos Ice Spice, que colabora com Taylor na faixa Karma da recém-lançada versão deluxe do álbum Midnights. Ostentando cachos ruivos e uma postura confiante, a jovem tem um futuro promissor e já em franca ascensão: ela acumula 36 milhões de ouvintes mensais no Spotify e se tornou o rosto de campanhas das marcas Ivy Park, de Beyoncé, e SKIMS, de Kim Kardashian. Além disso, vai participar da trilha sonora do aguardado live-action da Barbie, que estreia em julho nos cinemas.
Nascida Isis Gaston (o nome artístico surgiu do gosto por comida apimentada), a rapper começou a lançar suas primeiras músicas em 2021, mas explodiu com o single Munch (Feelin’ U), de agosto passado. Notada pelo rapper canadense Drake, ela logo assinou com a Capitol Records e, em janeiro, lançou seu EP de estreia, Like..?. Um ponto crucial dessa trajetória não pode ser desconsiderado: Ice Spice é mais um rosto no hall do TikTok, formado por artistas impulsionados às paradas musicais graças à viralização de seu som na rede social de vídeos curtos. O remix de Princess Diana, em parceria com Nicki Minaj, estreou na quarta posição na Billboard Hot 100, o mais respeitado ranking de sucessos da indústria americana. A faixa faz referência ao apelido inusitado que Spice ganhou dos fãs, “princesa do povo”, como era chamada a Princesa de Gales.
Original do Bronx, em Nova York, Isis Gaston tem ascendência dominicana por parte da mãe e nigeriana por parte de pai – ele próprio um rapper independente e primeira influência da jovem, que cresceu ouvindo Jay-Z, 50 Cent e Wu-Tang Clan. “Quando caminhávamos até a escola, ele me incentivava a fazer rimas sobre o meu dia”, explicou a rapper em uma entrevista.
O som de Ice Spice é relaxado, aliado a uma postura tranquila e sensual, em hits envolventes de letra chiclete sobre o manjado empoderamento feminino. A artista é expoente do drill, subgênero mais pesado do hip hop com influências do trap, que surgiu na cena underground de Chicago, nos Estados Unidos. De passagem pelo Reino Unido, o estilo absorveu aspectos do som mais eletrônico do grime britânico. Agora, Spice expande sua sonoridade, assumindo uma guinada mais pop – em busca do sonho de ser uma artista mainstream que coleciona Grammys e bate recordes.
A parceria de Ice e Taylor, porém, não passou incólume de uma controvérsia. Há quem acuse a loira de promover a nova protegida para limpar a barra de seu suposto novo namorado, Matty Healy, vocalista do The 1975. Controverso, o cantor riu de comentários racistas feitos pelo comediante Adam Friedland sobre Ice Spice, durante uma participação em um podcast de fevereiro. Healy chegou a se desculpar, mas agora diz considerar a reação dos fãs exagerada e até irrelevante. A polêmica, por hora, parece não tirar o sono de Spice, que não se pronunciou sobre a postura de Healy. Afinal, seus planos são muito mais altos que qualquer alfinetada comezinha em sua direção: o apoio de Taylor Swift e seu alcance global são um empurrão bem-vindo para a carreira da jovem rapper que já provou a que veio.