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O Som e a Fúria

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O dia em que os punks estragaram a festa do jubileu da rainha Elizabeth II

Há 45 anos, a banda Sex Pistols ancorou um barco em frente ao Parlamento inglês e bagunçou os festejos dos 25 anos da coroação da monarca

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 set 2022, 14h44 - Publicado em 2 jun 2022, 11h28
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  • O Reino Unido amanheceu em festa nesta quinta-feira, 2, com as celebrações dos 70 anos de coração da rainha Elizabeth II, em 2 de junho de 1953. O Jubileu de Platina, repleto de luxo e pompa, deve transcorrer sem nenhum problema. Mas, há 45 anos, quando a rainha celebrava seus 25 anos de reinado, um grupo de moleques desajustados conseguiu chamar mais atenção do que a própria soberana. No dia 7 de junho de 1977, a banda Sex Pistols, formada por Johnny Rotten, Sid Vicious, Steve Jones e Paul Cook, acompanhados do polêmico empresário Malcolm McLaren, ancoraram um barco no rio Tâmisa e, por quase três horas, apontaram suas caixas de som para as casas do Parlamento. O som que os súditos de Sua Majestade ouviram pregavam a anarquia e a desobediência civil e não adiantou um barco da polícia mandar eles pararem. Enquanto a própria rainha não escutasse as raivosas letras de Anarchy in The U.K. e No Feelings eles não iriam parar.

    Mas foi a música God Save The Queen que causou maior furor. Composta naquele ano por Rotten e Jones, ela a princípio seria chamada de No Future, mas foi renomeada por McLaren com o mesmo título do hino nacional britânico, porque o título anterior parecia “anúncio de banco”. Polemista profissional, McLaren sabia que dessa forma a música incomodaria mais e seus transgressores versos seriam ouvidos em todo o país: “Deus salve a rainha / ela não é um ser humano / não há futuro / no sonho da Inglaterra”, diz a letra.

    Polícia aborda o barco com a banda Sex Pistols
    Polícia aborda o barco com a banda Sex Pistols (//Reprodução)

    Após tocar a música repetidas vezes em frente ao Parlamento, a banda finalmente ancorou o barco na margem do rio e, sob os olhos da polícia, saltou para terra firme. A ideia de McLaren, que havia convocado a imprensa para acompanhar a farra, era que todos fossem presos, mas os policiais apenas acompanharam a descida dos músicos. Inconformado com a polidez das autoridades, McLaren xingou e ameaçou os guardas até que ele mesmo fosse preso e ganhasse a sonhada manchete dos jornais. A cena, aliás, foi recriada para a minissérie Pistol, dirigida por Danny Boyle, que estreou neste mês nos Estados Unidos e Inglaterra e conta a história da banda. No Brasil, a série será exibida pelo Star+, porém ainda sem data de estreia.

    Deu certo. A música, que não figurava nas paradas chegou ao segundo lugar da UK Singles Chart, da BBC. Malcom, no entanto, sempre duvidou do resultado. Para ele, a música, na verdade, havia atingido o primeiro lugar, mas em sua opinião, o ranking havia sido alterado para não deixar que ela chegasse lá. Ao contrário do longo reinado de Elizabeth II, a soberana que mais tempo ocupou o trono do Reino Unido na história, o Sex Pistols teve vida curta. Com apenas um disco lançado, Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols, a banda se separou um ano depois daquele fatídico passeio de barco pelo Tâmisa, mas a influência que eles causaram na música e na moda é sentida até hoje.

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