Let It Be, filme sobre as sessões de gravação do disco homônimo dos Beatles, acaba de chegar ao Disney+ em uma versão remasterizada. Lançado originalmente em 1970, o documentário de Michael Lindsay-Hogg estava fora de circulação há décadas, em grande parte devido às polêmicas que o rodeavam. O filme chegou aos cinemas pouco tempo após o quarteto de Liverpool anunciar sua separação definitiva, e se tornou uma espécie de epitáfio da banda.
Em 1969, os Beatles se reuniram em um galpão nos estúdios de Twickenham, em Londres, para gravar novas músicas e planejar seu retorno aos palcos após três anos de hiato. Lindsay-Hogg foi contratado para registrar o processo e produzir um filme-concerto, repetindo a fórmula de sucesso dos longas Os Reis do Iê, Iê, Iê (1964) e Help! (1965). Durante as gravações, no entanto, o projeto sofreu mudanças drásticas. Descontentes com o espaço em Twickenham, os Beatles migraram para o apertado estúdio da Apple Records, e desistiram de seus aguardados shows ao vivo — ao invés disso, fizeram uma única apresentação improvisada no telhado da gravadora. Com mais de 50 horas de filmagens em mãos, mas impossibilitado de seguir seu plano original, Lindsay-Hogg decidiu, então, transformá-las em um documentário sobre o período turbulento na história da banda.
Lançado simultaneamente com o disco Let It Be, o filme teve uma exibição limitada nos cinemas e foi lançado em home video, mas saiu de circulação nos anos 1980. Após décadas circulando em fitas VHS raras e com baixíssima qualidade, as gravações — lembradas pelos poucos fãs que tiveram a chance de assisti-las como uma verdadeira compilação de brigas monumentais entre a banda — voltaram a ver a luz do dia quando Peter Jackson, diretor premiado da trilogia O Senhor dos Anéis, teve acesso à filmagem bruta de Lindsay-Hogg e ampliou o projeto para uma série documental, chamada Beatles: Get Back, que estreou no Disney+ em 2021.
Jackson também foi o responsável por restaurar o filme original. Ao contrário de sua fama, o documentário de Michael Lindsay-Hogg mostra os Beatles em um período de efervescência criativa, e não como um grupo prestes a ruir. As diferenças marcantes entre os integrantes do grupo — que durante as gravações já beiravam os 30 anos, e nada mais se pareciam com os garotos de roupas e cortes de cabelo iguais que foram no início de suas carreiras — podem ter sido interpretadas pelo público da época como motivo para desavenças.
Há, sim, algumas discussões ao longo dos 81 minutos do filme, mas nunca calorosas, e sempre relacionadas ao processo de composição das músicas. O bate-boca de maior destaque acontece entre Paul McCartney e George Harrison, que entram em desacordo sobre um acorde de guitarra durante a gravação de Two of Us, mas logo chegam a um consenso e finalizam a música.
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