É difícil ficar preso no trânsito sem ouvir, eventualmente, a melodia de Bubbly, de Colbie Caillat, ecoar dos alto-falantes do rádio. A cantora de 38 anos também é onipresente em cerimônias de casamento, nas quais embala valsas com serenatas como Lucky, I Do e Falling For You. Romântica, ela já preencheu cinco discos com suas composições sobre paixões avassaladoras, mas, para o sexto, Along The Way, decidiu focar no outro lado da moeda. Após terminar uma relação de dez anos com o colega de banda Justin Young, ela agora narra a reconstrução de seu coração partido — sem deixar de lado a ternura característica de sua sonoridade. Com shows marcados em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro nos dias 7, 8 e 9 de dezembro, respectivamente, ela conversou com VEJA sobre o processo de criação do novo álbum, sua visão atualizada sobre o romantismo e as expectativas em torno de sua volta ao país, onde não se apresenta desde 2015.
Suas canções são clássicos de cerimônias de casamento e novelas. Como se sente quanto ao rótulo de romântica incorrigível? Acredito que nossa visão sobre o amor evolui constantemente e depende do relacionamento. Nesse disco, Along The Way, tive muitas descobertas: perder alguém é, claro, muito difícil, mas também é um aprendizado. Às vezes as pessoas não são certas uma para a outra. Meu último término me deu calma ao invés de devastação. Posso amar e respeitar o que vivi, mas saber que algo ótimo virá a qualquer momento, e estar sozinha não faz mal. Foi o que percebi ao longo dos últimos anos.
Como foi esse processo de amadurecimento emocional para você? Precisei de bastante tempo. Durante esse processo — entre ondas emocionais de dor, medo e desespero face à perda de um relacionamento —, é fácil acreditar que a sina é eterna e a tristeza nunca irá embora. Gradualmente, no entanto, você consegue colocar a situação em perspectiva. Daí, olhar para trás se torna mais tenro que torturante e logo o ânimo pelas oportunidades e pessoas que irão entrar em sua vida excede a autopiedade. Tenho vivido com a mentalidade de “que será, será”, como digo na canção Wide Open.
Cantar essas músicas ao vivo ainda a afeta, ou apresentá-las no palco traz novos sentimentos? O significado muda ao longo do tempo. Escrevi essas músicas três anos atrás e as gravei há quase dois. Quando pensei em lançar o disco no ano passado, a ferida ainda estava aberta e pensei que fosse chorar enquanto cantava a maioria das faixas (risos). Não estava pronta para lançá-las, mas me dei tempo para cura e agora estou muito animada para os shows. Me divirto nas apresentações ao vivo e percebi que elas ajudam pessoas na plateia que estão passando por algo similar ao que passei.
Como cantora-compositora, o que é essencial para seu processo criativo? Escrever é terapêutico e as pessoas se identificam com músicas de coração partido. Acho que isso é o que conecta a maioria dos ouvintes, pois um momento como esse provoca a sensação de solidão extrema, mas ouvir uma música bem escrita é como ter as palavras tiradas da boca. Gosto de escrever sozinha, mas é ótimo também colaborar e criar obras que nenhuma das partes seria capaz de conceber a sós. Quando passo por bloqueio criativo, algo que me ajuda é escrever da perspectiva da pessoa que está provocando meus sentimentos — é um bom escape que leva o trabalho para outra direção.
Seu retorno ao Brasil ocorre após um hiato de 8 anos. Como estão os ânimos para essa etapa da turnê? Nossa, estou tão animada, você não tem ideia. Amei levar minha turnê para o Brasil e tocar aí em 2015. É o melhor público, e sinto o amor dos brasileiros até pelas redes sociais, onde escrevem comentários muito doces. Mal posso esperar para levar essas canções para lá e viajar por esse país lindo. Espero poder passar um tempo aí para além dos compromissos de trabalho. Tenho saudades da comida e das pessoas.
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