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RS: os impactos econômicos da calamidade para o resto do País

Empresários do agronegócio e banqueiros avaliam que, por ora, o efeito sobre a economia tende a ser pequeno; mas há temor em relação às contas públicas

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 Maio 2024, 08h00

Nos últimos dias, os olhos do País se voltaram para o Rio Grande do Sul, Estado sob impacto de enchentes históricas e com o desafio de reconstruir sua infraestrutura, sua economia e a vida de milhões de pessoas que perderam tudo para as águas.

A calamidade também fez soar o alarme entre especialistas sobre eventual impacto na economia do resto do País, dado que o Estado tem forte presença em atividades industriais e agrícolas. Em grandes números, o RS responde por entre 6,5% e 7% do PIB nacional; só atrás de São Paulo, Rio e Minas. No específico, o Estado planta e colhe cerca de 70% da produção nacional de arroz.

Por ora, as avaliações de grandes bancos e de líderes empresariais são de que o impacto para a economia nacional não deve ser grande. O risco mais direto seria na colheita e escoamento de culturas importantes como arroz, milho e soja, mas o fato de que boa parte da safra já havia sido colhida antes das chuvas deve amenizar esse efeito. O problema pode se dar, eventualmente, no escoamento da produção, mas seria uma situação ainda classificada como isolada.

“Algumas cadeias foram mais impactadas, e temos de acompanhar, caso do segmento de aves, que sofreu grande impacto nas matrizes e na produção”, disse o sócio de uma das maiores Assets do País. Um especialista do agronegócio acrescenta que a chuva poderá prejudicar também a produção do leite – “por causa da falta de pastagens para o gado” -, pesando no preço final do produto.

O mercado também descarta efeito relevante no fornecimento de produtos manufaturados para o varejo e de peças e componentes para o parque industrial nacional. Já o cálculo do impacto no IPCA, o índice oficial de inflação, varia de 0,10 a 0,20 ponto porcentual. “A tragédia humana será muito pior e desproporcional aos efeitos na economia”, afirmou um banqueiro à coluna.

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É preciso ressaltar que essa é a fotografia do momento; só será possível ter uma avaliação mais precisa de perdas e danos quando as enchentes cessarem e o Estado conseguir retomar, de alguma forma, sua rotina.

Na verdade, a grande dúvida do mercado é sobre como o governo federal vai conseguir colocar de pé um pacote de ajuda ao Rio Grande do Sul sem comprometer ainda mais a já combalida situação fiscal da União. Boa parte dos recursos já anunciados será liberada indiretamente, na forma, por exemplo, de empréstimos em condições mais amigáveis e de prazos maiores para quitação de dívidas.

Mas há o receio de que o episódio abra espaço para um aumento indiscriminado de despesas públicas ou que outros governadores se sintam à vontade para pressionar o governo federal a renegociar o pagamento de suas dívidas com a União. O que se ouve entre empresários e banqueiros é que a ajuda necessária e urgente ao Rio Grande do Sul não pode ser desculpa para indisciplina fiscal.

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