Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Neuza Sanches

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Negócios, Mercados & Cia
Continua após publicidade

Americanas: como um Conselho não vê um rombo de R$ 25 bi?

Investigações da PF e do MPF revelam detalhes da fraude; mas ainda falta explicar como ninguém desconfiou de nada antes, inclusive os principais sócios

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 jul 2024, 13h42 - Publicado em 1 jul 2024, 08h00

A operação deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF) jogou luz sobre a engrenagem que gestou um rombo de R$ 25,3 bilhões no balanço da Americanas, um ano e meio depois de o escândalo financeiro vir à tona, causando prejuízos a fornecedores, credores e funcionários. Tanto a PF quanto o Ministério Público Federal apontam o ex-CEO Miguel Gutierrez como o líder de um grupo formado por pelo menos 15 funcionários de vários escalões da empresa que, durante quase uma década, teria enganado auditorias e bancos.

A Justiça chegou a autorizar a prisão preventiva de Gutierrez e da ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali. Ambos deixaram o País em meio às investigações. A defesa de Gutierrez nega a participação do executivo na falcatrua. Os advogados de Anna ainda não se pronunciaram oficialmente.

As revelações representaram uma avanço importante, mas não esclarecem um ponto capital no caso: como o conselho de administração de uma companhia como a Americanas se deixou enganar, por tanto tempo, por Gutierrez e seus cúmplices? Mais: um esquema como esse teria como prosperar sem o conhecimento dos chamados acionistas de referência da varejista – o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, cujos nomes sempre foram associados no mercado a termos como “eficiência”, “governança” e “meritocracia”?

Os três sempre negaram participação na fraude, mas banqueiros, empresários e executivos consultados pela coluna não parecem aceitar essa versão e defendem algum tipo de punição aos três. “Ou por cumplicidade ou por omissão”, afirma um banqueiro. “Se realmente não sabiam, é porque são incompetentes, e só queriam levar o dividendos. Isso é ruim, pois participantes de um conselho têm responsabilidades na companhia”, argumentou um executivo.

Pelas investigações da PF e do MPF, que se basearam na delação premiada de dois participantes da fraude e em documentos e mensagens de WhatsApp, o grupo manipulava os resultados financeiros da empresa para mostrar um falso aumento de caixa e, assim, valorizar artificialmente as ações da Americanas na Bolsa. Como “recompensa”, ganhavam o direito de receber bonificações generosas da empresa e ainda embolsavam lucros com a valorização das ações. 

Casos como o da Americanas costumam provocar efeitos em ondas. O impacto inicial, lógico, é sentido por funcionários e fornecedores. Depois, geram um tortuoso caminho formado por inquéritos administrativos e processos judiciais que parecem nunca dar em nada. A longo prazo, no limite, podem desestimular o pequeno investidor a entrar na Bolsa e investir na compra de mais ações. Afinal, ele tem todo o direito de pensar: “Se aconteceu com uma Americanas, por que não pode acontecer com outras?”

É por isso que as investigações precisam chegar a todos os culpados. É por isso também que o próprio mercado deveria exigir uma atuação mais firme da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No mercado, a expectativa é de que também os sócios sejam responsabilizados de alguma forma, o que ajudaria a acabar com a imagem de que um conselho de administração só serve para captar dividendos da companhia.

*A coluna voltará em Agosto

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.