Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Uma nova globalização

A pandemia e a guerra da Ucrânia revelam a necessidade de ajustes

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 11h27 - Publicado em 10 jul 2022, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O debate sobre a globalização ou sua reformatação está na ordem do dia. Na minha opinião, como processo histórico que é, a globalização não vai acabar tão cedo, ora avançando, ora retrocedendo, ao sabor das circunstâncias. Impulsionada sobretudo pela tecnologia, prosseguirá relevante, pois, sendo um processo, é, obvia­mente, um continuum que se modifica por causa dos acontecimentos.

    A globalização dos anos 80 e 90 representava esperança, pois se acreditava que a eficiência como guiding principle do comércio exterior beneficiaria a todos. A alocação eficiente de recursos e a distribuição da produção especializada certamente resultaram em reduções drásticas nos preços de produtos para os consumidores finais. Mas esse foco exclusivo na eficiência econômica gerou novos posicionamentos geopolíticos que alteraram o equilíbrio de poder em nível global.

    Agora a pandemia de Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia criaram uma nova etapa nesse processo, considerado hoje, por alguns, uma “nova globalização”. É importante mencionar, contudo, que eventos anteriores já estavam causando alterações significativas no processo. Foi o caso, no início do século, do atentado às Torres Gêmeas, em 2001, da crise de Wall Street, em 2008, da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016, e do Brexit, em 2020. Acrescentem-se o surgimento das criptomoedas e a criação do blockchain como mecanismos de validação entre pessoas e instituições sem a intermediação de governos.

    “O foco exclusivo na eficiência econômica gerou novos posicionamentos geopolíticos que alteraram o equilíbrio de poder”

    Isso posto, pode-se dizer que, no momento, temos uma globalização em transformação acelerada. Quais são os vetores dessa transformação? A seguir, aponto apenas alguns. Um deles reside no fato de que a geopolítica e a defesa voltaram ao topo das prioridades. A preocupação com a geopolítica fez com que o mundo ocidental procurasse fornecedores amigos que estivessem geograficamente mais próximos. Tal movimento já era perceptível em relação à China, com o deslocamento de indústrias para outros países da Ásia.

    Continua após a publicidade

    O multilateralismo, até então dividido no mundo ocidental, destacou-se com o fortalecimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), antiga aliança militar firmada entre os Estados Unidos e a Europa. A Alemanha e o Japão, até então determinados a manter posturas não belicistas, agora estão aumentando seus gastos militares, bem como outros países.

    Ao mesmo tempo, grandes corporações globais se tornaram atores geopolíticos, ao propor sanções privadas ao governo russo em uma escala nunca vista anteriormente. Ao lado de sanções de países e de organismos multilaterais, a Rússia está sendo punida por mais de 1 000 corporações transnacionais que estão se recusando a fazer negócios com o país.

    Na neoglobalização, temas como sustentabilidade, desenvolvimento econômico de nações menos favorecidas, direitos humanos, fronteiras, defesa, além do impacto político de arranjos “eficientes” na política nacional, do ponto de vista econômico, acabaram forçando um repensar sobre a eficiência como guiding principle dos arranjos comerciais internacionais. A globalização ao estilo dos anos 90 provou-se incompatível com a realpolitik de hoje e tal incompatibilidade se agravou com o advento da pandemia e da guerra na Ucrânia.

    Publicado em VEJA de 13 de julho de 2022, edição nº 2797

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.