Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

A corda é resistente

Apesar da tensão, a ruptura institucional é altamente improvável

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 13h24 - Publicado em 16 jul 2021, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Muitos me perguntaram se o Brasil, após tantos anos de processo democrático, poderia se transformar em uma republiqueta das bananas. Fui firme em dizer que não. Por paradoxal que seja, o Brasil de hoje é mais sólido em termos de instituições do que a Itália pré-Mussolini e a Alemanha pré-nazismo.

    Temos instituições sólidas, ainda que em permanente tensão, que decorre da transição de um “hiperpresidencialismo” para um sistema compartilhado de poder. Além do fato de que existe uma poderosa judicialização da política, que abala a relação entre os poderes.

    Apesar das tensões, a vocação para a ruptura institucional é limitada a grupelhos radicais de força política menos relevante. Tais movimentos anti-institucionais decorrem tanto do desencanto com soluções políticas quanto da adesão a soluções autoritárias.

    Porém não se provoca rupturas sem a sociedade e as Forças Armadas. Em 1964, o movimento cívico-militar teve o apoio maciço da sociedade, da imprensa, do empresariado e um arcabouço ideológico vinha sendo nutrido fazia anos. Não é o caso de hoje. Nossa sociedade tem vocação democrática e deseja que as conquistas da redemocratização sejam preservadas e aperfeiçoadas. As Forças Armadas não querem o ônus de uma interferência política indesejável para a grande maioria.

    “A crise de hoje está alavancada por narrativas inconsequentes e pela magnitude da pandemia”

    Continua após a publicidade

    Por mais que estejamos vivendo momentos de tensão institucional e a corda da política esteja esticada, uma ruptura, na forma de adiamento de eleições ou um golpe militar, é altamente improvável. A simples menção de sua possibilidade causa horror em um mundo que é crescentemente adepto da transparência e da boa governança.

    No entanto, existem insatisfações evidentes com questões essenciais relacionadas à desigualdade, com a qualidade dos serviços públicos e mesmo com o sistema político. Tais aspectos não devem ser desconsiderados pelas elites governantes. E a melhor forma de evitar que a corda esticada se rompa é que respostas concretas e estabilizadoras do ambiente político sejam dadas por todos.

    Antes de o presidente Jair Bolsonaro ser internado, os presidentes dos três poderes iam se reunir, em um gesto que poderia significar um pacto de proteção de nossa democracia em construção. Seria uma atitude fundamental e em consonância com o que deseja a maior parte de nossa cidadania.

    Continua após a publicidade

    Ainda que a possibilidade de nos transformarmos em uma Venezuela seja remota, não custa repetir que o preço da liberdade é a eterna vigilância. Todos devem estar vigilantes para que nossas conquistas democráticas sejam preservadas e aperfeiçoadas. A crise de hoje está alavancada por narrativas inconsequentes e pela magnitude da pandemia. Mas jamais deve ser supervalorizada sem considerar as forças democráticas que há na sociedade e em nossas instituições.

    É evidente que nossa democracia em construção, cheia de contradições resultantes da corrupção, do gigantismo de um Estado ineficiente, do corporativismo e do desequilíbrio entre as instituições, deve buscar aperfeiçoamentos. Mas sempre sob o abrigo da Constituição. O recomendável é o exame desapaixonado da realidade, visando a identificar a real extensão das ameaças e as oportunidades que se apresentam.

    Publicado em VEJA de 21 de julho de 2021, edição nº 2747

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.