Nos últimos anos, a preocupação com a sustentabilidade tem ganhado destaque. Consumidores ao redor do mundo estão atentos à origem dos produtos, buscando garantir que eles sejam produzidos de maneira responsável, tanto do ponto de vista ambiental, quanto social. As certificações e selos verdes surgem como ferramentas essenciais para garantir que práticas agrícolas sustentáveis sejam reconhecidas.
Os selos verdes são certificados cedidos a instituições que têm produtos ou serviços que cumprem com critérios específicos de sustentabilidade. Esses selos são atribuídos por organizações e órgãos nacionais e internacionais após rigorosas avaliações, garantindo que o produto atenda a padrões estabelecidos.
No agro, os selos têm um impacto significativo ao agregar valor aos produtos, tornando-os mais atraentes para consumidores que buscam qualidade, responsabilidade social e respeito ao meio-ambiente. Essa valorização facilita o acesso a mercados premium, onde práticas sustentáveis são valorizadas com preços mais elevados. Além disso, eles estimulam a conservação ambiental ao incentivar práticas sustentáveis. As certificações ainda estreitam a relação com os consumidores através da transparência e impulsionam o desenvolvimento das comunidades ao garantir condições de trabalho e o bem-estar dos funcionários.
Os selos ou certificados verdes podem ser dos mais diversos tipos, como: selos para produtos/alimentos específicos (1), como o selo FSC (Forest Stewardship Council) para produtos florestais, que assegura que a madeira e papel utilizados provêm de florestas manejadas de forma ambientalmente responsável, ou ainda a Soja RTRS (Round Table on Responsible Soy), que garante a produção de soja sem desmatamento e com respeito aos direitos humanos; selos de processos e boas práticas (2), como a ISO 14001, elaborada pela International Organization for Standardization (Organização Internacional para Padronização); e selos para o Sistema de Gestão Ambiental (3), que avalia um conjunto de ações para controlar os impactos negativos das atividades da empresa, a exemplo do Selo “Rainforest Alliance Certified”, que certifica que a produção segue práticas que conservam a biodiversidade e asseguram condições justas de trabalho.
Ainda existem os selos relacionados a métodos de produção específicos (4), como o selo internacional IBD, que assegura que a produção é realizada sem o uso de defensivos e fertilizantes químicos ou uso de material transgênico; ou ainda o selo Produto Orgânico Brasil, concedido pelo MAPA, que certifica que os produtos agrícolas são cultivados de acordo com as normas da agricultura orgânica brasileira, também sem uso de produtos químicos. E não menos importante, existem outros selos (5), que, embora sejam menos específicos para cadeias, desempenham papel crucial para a sustentabilidade do setor, como é o caso do selo “Carbon Free”, que certifica que as emissões de carbono associadas a um produto ou serviço foram compensadas com outras ações que capturam carbono da atmosfera.
Além das iniciativas citadas, novos projetos visando a sustentabilidade da economia brasileira estão em andamento, a exemplo do “Selo Verde Brasil”. Em junho de 2024, o programa foi instituído por meio do Decreto 12.063 e visa padronizar a estratégia de certificação de produtos e serviços brasileiros (não apenas do agro) que atendam as normas sustentáveis. Iniciativas como o “Selo Verde Brasil” são fundamentais para o desenvolvimento de mercados verdes e valorização dos produtos brasileiros em mercados internacionais, facilitando as exportações e gerando renda para a economia do país.
Os selos e certificações têm sido fundamentais para o desenvolvimento sustentável do e para melhoria das práticas ambientais e sociais. Recomendamos também a leitura da coluna onde falamos das denominações de origem, outro método de agregação de valor bastante importante para o setor. O futuro traz diversas oportunidades com a maior demanda por produtos certificados, impulsionada por uma população mais engajada com causas socioambientais como a redução do impactos climáticos das produções e a inclusão de práticas sociais responsáveis. Cabe ao setor se adequar a esta realidade e aproveitar as chances de ganhos em margem e agregação de valor.
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.