A soja é originária da China, onde crescia como planta selvagem ao longo do rio Yangtze. Os agricultores chineses começaram a domesticar e melhorar a planta há milhares de anos, selecionando variedades com características desejáveis. Ao longo do tempo, a soja foi cultivada em outros países e passou por mais seleção e melhoramento, tornando-se uma das culturas mais importantes no mundo. No cenário brasileiro, inicialmente, a soja foi trazida da Ásia para o sul do Brasil, onde as condições climáticas eram favoráveis ao seu desenvolvimento. Com o crescimento dos investimentos em melhoramentos genéticos e novas variedades, a cultura se expandiu rapidamente, até chegar ao Centro-Oeste, onde hoje se concentra a maior produção do país. O Brasil é o maior produtor e exportador de soja do planeta, desempenhando um papel fundamental na economia nacional e no fornecimento global.
A soja é uma das principais fontes de óleo vegetal. O óleo de soja é usado na culinária, na fabricação de margarina, maionese, molhos e muitos outros produtos alimentícios. A soja também desempenha importante papel como fonte de proteína na alimentação animal, especialmente na produção de rações para aves, suínos e bovinos. Na alimentação humana, pode ser usada como ingrediente em uma variedade de produtos alimentícios processados, como hambúrgueres vegetarianos, leites e iogurtes à base de plantas, barras de cereais, óleo para frituras, entre outros. A soja é rica em proteínas de alta qualidade, fibras, vitaminas e minerais, e tem sido associada à redução do colesterol, prevenção de doenças cardíacas, controle de peso e outros benefícios para a saúde. Produtos à base de soja, como tofu, tempeh e leite de soja são utilizados como substitutos de produtos de origem animal por vegetarianos, veganos e pessoas com intolerância a lácteos ou alergias alimentares.
A cadeia da soja é um dos pilares da agricultura moderna, envolvendo uma complexa rede de atividades desde o plantio até o consumo final. Antes da produção, ocorre a seleção das variedades de soja a serem plantadas, o preparo do solo e a compra de insumos agrícolas. Assim, nas fazendas, inicia-se a produção do grão, onde a soja é cultivada e colhida. Após a colheita, a soja pode ser comercializada na forma de grãos, ou transportada para as unidades de beneficiamento, onde é processada para a extração do óleo. Após a extração do óleo, temos o farelo, importante para alimentação animal, afinal frangos e suínos são… “soja e milho andando”. Pode ainda ser direcionada a produção de biodiesel, uma importante fonte de energia renovável e sustentável.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção brasileira de soja na safra 2022/23 foi de 154,6 milhões de toneladas, a maior da história. A produtividade girou em torno de 3.507 quilos por hectare e uma área plantada próxima de 44,1 milhões de hectares. Na produção, o destaque fica para a região Centro-Sul, onde 84% da soja brasileira é cultivada; o Mato Grosso é o principal representante com 45,6 milhões de toneladas colhidas. No comparativo entre países, na safra 22/23, o estado do Mato Grosso ocupou a terceira posição global no ranking de produção, atrás somente do próprio Brasil e dos Estados Unidos. É responsável por cerca de 7% do PIB brasileiro e gera mais de 1 milhão de empregos diretos, além de impactar positivamente diversos setores, como transporte, logística, indústria química e alimentícia.
Entre os fatores competitivos do Brasil no cultivo da soja, estão: a) o clima favorável, ideal para o cultivo, permitindo duas safras por ano em algumas regiões; b) o investimento contínuo em pesquisa e tecnologia, resultando em variedades mais produtivas e resistentes, além de biotecnologias (cultura com maior desenvolvimento nesta área, até o momento); e c) investimentos em infraestrutura e transporte, facilitando o escoamento da produção para os mercados internacionais e qualidade técnica e administrativa de nossos produtores.
O mercado da soja está em constante evolução, impulsionado por diversas tendências que moldarão seu futuro. O crescimento da demanda global por alimentos e biocombustíveis deve manter a soja como uma cultura altamente relevante, e o consumo no planeta deve continuar crescendo exigindo cerca de 10 milhões de toneladas a mais ano, por participar tanto da alimentação humana e animal, quanto do mercado de combustíveis renováveis. É um produto nobre e que tem papel fundamental na alimentação humana e para um futuro mais limpo e sustentável. E o Brasil pode chegar em 10 anos a ter uma participação entre 65 a 70% do mercado mundial (hoje já é 58%). Verdadeiro orgulho para nossa sociedade.
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador e Chanceler da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinicius Cambaúva e Rafael Rosalino.