Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Por que não fazer o Plano Real?

Com os dois pés no abismo, a Argentina prefere soluções mágicas

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2024, 10h17 - Publicado em 21 out 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Como sempre acontece em países sem estabilidade, o assunto mais falado na Argentina — fora o funcionário estadual que se enredou em ostentação explícita com uma modelo erótica num iate chamado Bandido — é o day after ao primeiro turno da eleição. O desmoronamento é ligado, com ou sem razão, a uma boa colocação do candidato Javier Milei e sua promessa de uma dolarização sem que haja dólares para fazê-la, embora o economista que ascendeu de participações exóticas em debates de TV ao primeiro lugar nas pesquisas diga ser a coisa mais fácil das várias tarefas que enfrentará se eleito.

    Sempre tão criativos em qualificar seus múltiplos tormentos, analistas argentinos falam até em uma “saída à Afeganistão”, um caos comparável ao que os americanos colocaram para si mesmos quando resolveram deixar o país asiático. O “Afeganistão argentino” teria elementos já conhecidos: Milei ganha a primeira colocação, o dólar a 1 000 pesos passa a ser até uma lembrança boa, a inflação dispara muito além dos 140% anuais e Alberto Fernández, o presidente que vaga como um melancólico fantasma pela Casa Rosada, tem que entregar o governo antecipadamente. Já aconteceu antes, com um político de jaez infinitamente superior, Raúl Alfonsín, que em 1989 antecipou em cinco meses a transmissão do mandato presidencial ao eleito Carlos Menem. Alfonsín estava destroçado pelo fracasso do Plano Austral e “la hiper”, a inflação descontrolada. Os respectivos naufrágios, do presidente mais digno que a Argentina teve em muito tempo e do malfadado Austral, foram devidamente levados em conta num Brasil em que o índice anual de aumento de preços bateu em 3 000%. Por que a Argentina não tenta reproduzir o sucesso do Plano Real? Por que tantos argentinos acreditam em soluções mágicas como a dolarização e não em outro mito do bem, o da URV, que se transformou, em 1994, no real estável?

    “Sempre tão criativos em seus tormentos, analistas falam até em uma ‘saída à Afeganistão’ ”

    No Brasil, “o nome da mágica é Fernando Henrique Cardoso”, disse um dos economistas envolvidos no Plano Real, Edmar Bacha, ao ressaltar “a união sadia da técnica com a política”. Na Argentina, o mago Milei chegaria ao governo com poucos congressistas e currículo de guru de sexo tântrico, “pai” de cães que diz ter mandado clonar e participação, de malha preta e amarela, num encontro de cosplay, encarnando um personagem criado por ele mesmo, o Capitão Ancap, ou anarcocapitalista. Sem contar que chamou o peso de “excremento”. Que tal um “Plano Excremento”?

    As alternativas são Sergio Massa, o ministro da Economia que governa o país e concorre à Presidência, uma insanidade até para os padrões argentinos, ou Patricia Bullrich, da oposição convencional — embora a briguenta filha da elite tenha pouco de “convencional”. Seu ministro da Economia seria Carlos Melconian, autor de um plano de estabilidade que “muda fundamentalmente como a economia funciona na Argentina”. Batendo um calhamaço com os detalhes do plano na mesa numa entrevista, ele lamentou: “Daria muita raiva jogar tudo isso na m****”. Esse é o economista racional e equilibrado.

    Continua após a publicidade

    Existem em algum plano superior deuses que protegem a Argentina. Nove calotes na dívida? Deuses. Milei? Massa? Iate Bandido sem levante popular? Deuses. Devem estar fazendo hora extra.

    Publicado em VEJA de 20 de outubro de 2023, edição nº 2864

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.