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O criptogolpista que está sujando o nome de Gisele e seu ex, Tom Brady

Transações suspeitas com criptomoedas levaram à queda de um jovem bilionário – e ele não está sozinho no caminho da desmoralização ou coisa pior

Por Vilma Gryzinski 18 nov 2022, 07h46

“Eu ferrei tudo”, disse Sam Bankman-Fried, numa das declarações mais honestas já feitas por pessoas envolvidas no tipo de derrocada que ele protagoniza. E o verbo usado não foi ferrar.

Com um insuportável sobrenome hifenado que é a marca dos jovens privilegiados – seus pais são professores da Faculdade de Direito de Stanford -, cabelo despenteado e bermudão, marcas de gênios do mundo digital, ele chegou a ser comparado a gigantes financeiros como John Pierpont Morgan e Warren Buffet.

Também chegou a valer 26 bilhões de dólares antes dos 30 anos com a FTX, do obscuro ramo do câmbio de criptomoedas. Agora não vale nada, em mais de um sentido.

E ainda está levando junto a reputação de celebridades que não só fizeram comerciais de televisão – espetaculares – para a FTX, como bancaram pequenos participações no que parecia ser um tremendo negócio.

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Entre os famosos: Gisele Bündchen e seu ex-marido Tom Brady, o humorista Larry David e o jogador de basquete Steph Curry, agora processados numa ação coletiva.

“A FTX era genial em matéria de relações públicas e marketing e sabia que só podia ser bem sucedida com a ajuda e a promoção das celebridades e dos influenciadores mais famosos, respeitados e amados do mundo”, disse à CNN um dos advogados contratados para representar as vítimas, Adam Moskowitz.

Segundo ele, a FTX funcionava num esquema de pirâmide maior do que o operado por Bernard Madoff, o protagonista de um dos maiores golpes da história do mercado financeiro, que pegava dinheiro em troca da promessa de rendimentos incompatíveis com a realidade. A pirâmide, claro, acabou desabando.

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Madoff virou livro e filme pela maior pirâmide da história e pegou 150 anos de prisão – morreu no ano passado.

Bankman-Fried é acusado também de desviar 10 bilhões de dólares de clientes da FTX para um fundo de investimentos, o Alameda Research. Nem é preciso dizer como derrubar as muralhas entre empreendimentos é altamente ilegal. O fundo também pediu falência.

O interventor que assumiu a empresa quebrada, John Ray III, encarregado de ver quanto dá para salvar e restituir aos investidores, disse que “nunca na vida vi um fracasso tão completo dos controles corporativos”.

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Entre outros abusos, ele inclui a compra de “casas e outros bens”, com dinheiro da empresa. Os imóveis foram registrados em nome de oito executivos que viviam com Bankman-Fried numa mansão de 40 milhões de dólares nas Bahamas. Algumas compras eram aprovadas simplesmente por emojis. Não há confirmação de que eles e elas tinham relacionamentos não profissionais.

Num exemplo da total irresponsabilidade dos jovens que viraram milionários, Caroline Ellison, ex-namorada de Bankman-Fried e CEO do Alameda Research, disse numa entrevista que não precisava usar mais do que matemática do nível fundamental.

O caso da FTX envolve o mundo paralelo das criptomoedas, um jovem com jeito de gênio que quer mudar o mundo (foi o segundo maior doador de campanha para Joe Biden, com 5,8 milhões de dólares) e Brady, uma das maiores estrelas do esporte de todos os tempos nos Estados Unidos.

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Para o jogador de futebol americano, culmina um ano ruim, em que anunciou a aposentadoria e voltou atrás. No processo, o casamento desabou e ele ainda perdeu o toque mágico.

O caso FTX mostra como é arriscado para celebridades anunciar produtos financeiros que mexem com o sagrado dinheiro das pessoas que acreditam nas campanhas. Se a coisa desanda, os famosos levam a culpa.

“Vender um produto que é um instrumento financeiro não é a mesma coisa que vender tênis”, disse à CNN o professor de direito Charles Whitehead, de Cornell. “Existem regulamentos de proteção ao consumidor e contra fraudes pela venda de tênis ruins. Os regulamentos são mais estritos ainda quando se trata de vender produtos financeiros”.

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No comercial do ano passado, Gisele e Brady conversam na cozinha e desencadeiam uma série de telefonemas entre celebridades do mundo esportivo com o tema “Você está dentro”. Eles também se tornaram investidores, com Gisele como consultora ambiental, a coluna em torno da qual ela construiu sua carreira pós-moda.

“Sam e a equipe da FTX continuam a abrir meus olhos para possibilidades infinitas”, elogiou Brady.

O comercial de Larry David passou no intervalo do Super Bowl e mostra o humorista, com seu jeito ironicamente do contra, rejeitando invenções como a roda, o garfo, a lâmpada e a lava louça. No fim, também não aceita a FTX.

A ironia maior, digna de uma temporada inteira, é que ele estava certo.

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