Quem vê as cenas dos protestos nas universidades e nas ruas dos Estados Unidos pode achar que toda a juventude está fechada com a causa palestina, tal como representada pelo Hamas e outros radicais, e aderiu a posições de extrema esquerda. É um engano. Na verdade, há pesquisas mostrando que Donald Trump tem hoje a maioria do voto jovem. E são homens jovens que fazem a balança pender para o lado dele.
A pesquisa mais recente é da ABC-Ipsos e dá a Trump 48% das preferências dos eleitores com menos de trinta anos, contra 43% para Joe Biden. A diferença é ainda maior entre os homens nessa faixa: 54% contra 43%. As mulheres ainda preferem Biden, na proporção de 44% contra 41%.
“É um cenário de pesadelo para Joe Biden, que contava com o voto jovem para ganhar a eleição como aconteceu em 2020”, escreveu Miranda Devine no New York Post.
Nesse cenário, Biden sofre uma forte rejeição dos jovens à esquerda, que o chamam, absurdamente, de “Joe genocida”. Mais ao centro, é criticado por não ter uma atitude mais enérgica com as universidades onde o terrorismo é glorificado e o deslocamento de alunos judeus chegou a ser impedido.
Na tendência oposta, já não fazia mesmo sucesso. A divisão ficou clara nos protestos: o pessoal do rosto encoberto pelo lenço palestino de um lado e do outro os “Dylans”, como são chamados os rapazes nascidos na época em que esse nome estava na moda e parecem quase indistinguíveis, usando todos bermudas claras e camisetas ou camisas polo em tons pastel.
Foram os “Dylans” da UNC, a Universidade da Carolina do Norte, que seguraram a bandeira americana que os manifestantes pró-Hamas queriam arrancar, cantando o hino nacional e o clássico “USA, USA” – em cenas imediatamente reproduzidas pela campanha de Trump.
FRACASSO PRESIDENCIAL
Não foram vistas mulheres jovens entre os improvisados manifestantes a favor dos Estados Unidos, uma aparente raridade no ambiente universitário. Hoje, há uma proporção de três mulheres para dois homens na universidade. Quanto mais tempo elas permanecem solteiras, mais tendem à esquerda.
Apesar da desconexão que os manifestantes pró-Hamas mostram com a realidade, pregando a morte dos “sionistas” – a maneira perversa de dizer judeus – e a incineração de Tel Aviv num país em que a opinião púbica continua a apoiar Israel (51%, contra 27% para os palestinos), a maioria dos jovens se preocupa com os mesmo assuntos de todas as faixas etárias: inflação e imigração.
Uma pesquisa do Generation Lab mostrou que 38% dos jovens universitários se preocupam com reforma no sistema de saúde (40%) e acesso e financiamento à educação (38%). Conflito no Oriente Médio, ocupa apenas 13% das preocupações.
Na população em geral, os números vão ficando cada vez piores para Biden. Segundo uma pesquisa para a CNN, 49% dos eleitores preferem Trump atualmente, contra 43% do lado do presidente. Nada menos que 61% dizem que sua presidência é um fracasso, um número avassalador.
VÊNUS CONTRA MARTE
Isso tudo considerando-se a enxurrada de processos contra Trump, entre os quais o que envolveu o depoimento da atriz pornô Stormy Daniels dando detalhes de como tiveram relações sexuais – todos já conhecidos, mas sempre incômodos e até degradantes.
São assuntos assim que pesam na impopularidade de Trump junto ao eleitorado feminino.
Como no livro famoso de 1992 sobre as diferenças emocionais entre os sexos, as mulheres são, ou tendem a ser, de Vênus e preferem a imagem avuncular de Joe Biden – mesmo que seja um vovô já entrado nos 81 anos.
Já os homens são de Marte, relevam mais os “incidentes” trumpianos e podem dar a vitória ao ex-presidente.