A ideia surgiu no dia anterior, em nossa primeira visita ao Joshua Tree National Park. Por falta de tempo, nem eu nem minha amiga tínhamos lido muito sobre este parque de mais de 3 mil km2 de extensão, que abriga trechos dos desertos de Mojave e Colorado e fica perto de Palm Springs, na Califórnia.
Surpresas com a beleza e excentricidade do local, resolvemos que deveríamos voltar na madrugada seguinte para ver o nascer do sol por ali. Com nossos celulares programados para despertar às 4h10 da manhã, fomos dormir ansiosas pelo espetáculo que nos aguardava.
Apesar da estrada deserta e escura àquela hora, chegamos ao parque quando a claridade começava a surgir no horizonte. Como era verão e as temperaturas estavam na casa dos 43oC, 44oC, o parque estava às moscas. Dava para escutar os bichos e o silêncio do deserto. Dava até um pouco de medo, confesso agora, apesar de na hora ter dado uma de valente e me aventurado deserto afora com minha máquina fotográfica em mãos (“Que não me apareça nenhum coiote ou cobra por aqui”, era só o que eu pedia).
Não demorou muito para que os primeiros raios de sol começassem a mostrar com mais clareza a silhueta estranha e inédita daquelas árvores que se espalham por todo o parque, as Joshua Trees. Não me lembro de ter visto uma vegetação tão singular e que me chamasse tanto a atenção antes.
Enquanto o sol raiava à nossa frente, alguns pingos começaram a cair. Eu e minha amiga nos olhamos e quando viramos para trás, vimos uma área onde parecia estar chovendo. Sim, no deserto. Mas, tão fascinadas com aquele espetáculo que estávamos assistindo, nem pensamos no que poderia acontecer minutos depois. Um arco íris enorme e brilhante apareceu entre as nuvens escuras e enfeitou ainda mais o céu, que misturava tons de rosa, roxo e azul.
Confesso que chorei ao ver tudo aquilo (ok, não foi a primeira vez que chorei vendo um nascer ou por do sol…). Foi um dos lugares mais lindos, bizarros e incríveis que já estive na vida. Recomendo muito a visita a quem for passear pela Califórnia. Dá até pra fazer um ensaio de fotos como este que fizemos com a câmera no timer
Mas contei esta história toda para dizer que esta visita me fez pensar nos lugares incríveis que o mundo tem e que muitas vezes nem sabemos que existem. Foi então que resolvi pesquisar e cheguei a uma lista com outros dez lugares que deixam qualquer um de queixo caído. Já fui a um deles e posso assegurar que vale a pena.
Ficou curioso para conhecer estes lugares fascinantes? Vamos a eles (em ordem aleatória)…
1. Giant’s Causeway
Irlanda do Norte
Sim, é tudo isso que a foto acima mostra. Vale a pena enfrentar a estrada até (não que viajar pela Irlanda do Norte seja um problema, muito pelo contrário), vale enfrentar o frio e muitas vezes o vento para ver esta maravilha da natureza, que é reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade. O local foi criado há cerca de seis milhões de anos, após uma explosão vulcânica, que deixou rachaduras em formatos totalmente inusitados. Estima-se que sejam mais de 37 milhões de colunas simétricas, que, segundo a lenda local, foram criadas por um gigante.
www.giantscausewayofficialguide.com
2. Ilha Socotra
Iemen
Também conhecida como “Ilha Alienígena”, este pedaço de terra separou-se continente africano há mais de seis milhões de anos e mais se parece com um cenário de filme de ficção científica. Com uma fauna e flora completamente diferentes de qualquer outro lugar na terra, ficou conhecida mundialmente por suas árvores tão peculiares quanto às encontradas na região do Joshua Tree National Park.
3. Badab-e-surt
Irã
Se quando você pensa no Irã só imagina cenas de guerra é porque você ainda não foi apresentado a este pequeno paraíso na Terra. Localizado no norte do país, estes terraços de mármore travertino cobertos por água cristalina e quente foram formados milhões de anos atrás com o depósito de cálcio na água. A cor ligeiramente avermelhada do local se deve à elevada quantidade de óxido de ferro encontrada em uma das nascentes.
4. Pamukkale
Turquia
Sim, a Turquia também tem uma versão semelhante de terraços de mármore com água cristalina. A diferença é que como não há óxido de ferro na água, as piscinas são branquinhas e lembram um cenário glacial. Localizada no sudeste do país, a região é reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade. Dizem que um mergulho no local, além de relaxante, tem algumas propriedades medicinais.
5. Chocolate Hills
Filipinas
São 1700 montanhas de formato ovalado espalhadas no meio da ilha de Bohol. Apesar de terem alturas diferentes, o formato de todas elas é muito parecido e, para os mais céticos, parece até que foram “fabricadas”. Mas, de acordo com a Unesco, estas formações montanhosas tão peculiares são resultado da erosão da chuva em depósitos de corais que formaram montanhas. Na época mais seca do ano ela ganham tons de marrom, daí o apelido “Chocolate Hills”.
6. Spotted Lake
Canadá
O nome já dá a dica: “lago de bolinhas”, em tradução livre do inglês. Localizado na região de Osoyoos, em British Columbia, era considerado um local sagrado pelos nativos da região. Durante os meses do verão, a água do lago evapora e pequenas poças, de cores diferentes, aparecem na superfície, dando a impressão de que o local está cheio de bolinhas. A melhor vista é na Highway 3.
7. Glass Beach
Califórnia, EUA
Pode até ser bonito na foto, mas a história desta praia californiana, localizada ao norte de São Francisco, é triste. Os milhares de cacos de vidro encontrados na Glass Beach hoje em dia são resultado de anos e anos de lixo jogado em suas águas. Foi apenas nos anos 60 que o governo proibiu que isso acontecesse, fez uma limpeza no local, mas as coisas que restaram foram aos poucos se decompondo e transformando nas pedrinhas de vidro vistas hoje. Mas atenção, é proibido levar as pedras para casa!
8. Thor’s Well
Oregon, EUA
Parece que o Pacífico está sendo engolido pelo buraco localizado a poucos metros da costa do Oregon. Mas calma, o mundo não vai acabar. O Thor’s Well, como é conhecido, tem cerca de 6 metros de profundidade _o suficiente para engolir um barco, mas não a Terra! Para se ter uma boa vista do local, o melhor é fazer a trilha Captain Cook, que sai do Visitor Center de Cape Perpetua. Mas todo cuidado é pouco ao chegar na beira do mar, especialmente quando a maré está alta ou durante tempestades.
9. Lake Hillier
Austrália
Não, não é Photoshop. O lago na imagem acima é desta cor mesmo. Descoberto em 1802 no arquipélago Recherche, na Austrália, o lago Hillier mantém esta cor pink-flamingo o ano inteiro. Segundo cientistas isso acontece por causa da combinação de altos níveis de sal na água com a presença de uma espécie de alga que adora sal (conhecida como Danaliella Salina), além de halobactérias.
10. Fly Geyser
Nevada, EUA
Parece coisa da natureza, mas este gêiser na verdade foi criado acidentalmente em 1964 quando uma empresa de energia elétrica perfurou um poço em águas geotermais no deserto de Black Rock, em Nevada. A escavação resultou numa montanha de água escaldante que chega a 1,5 m de altura e que aumenta a cada ano. A cor avermelhada e esverdeada que envolve a formação se deve a uma espécie de alga encontrada no local. Atualmente o gêiser está numa propriedade particular e não é possível visitá-lo.