Depois de comemorar um leve crescimento entre 2017 e 2018, o mercado livreiro voltou a sentir o peso da crise no setor e fechou o primeiro bimestre de 2019 com vendas em queda. Um dos motivos foi o baixo desempenho dos livros infantis e didáticos, que tradicionalmente seguravam o mercado nesse período de volta às aulas.
Entre os dois primeiros meses de 2018 e o mesmo período em 2019, títulos destinados ao público escolar tiveram uma queda de 43% em volume, representando apenas 35% de todas as vendas, contra 41% no ano passado. As informações são do Nielsen Bookscan e do Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL).
A categoria que mais cresceu foi a de Não Ficção Trade, que assumiu uma fatia de mais de 22%, contra pouco menos de 18% em 2018. Livros de desenvolvimento pessoal e biografias entram nessa classificação.
Ao todo, o mercado encolheu 18,81% em 2019, movimentando pouco mais de 330 milhões de reais entre janeiro e fevereiro. No mesmo período do ano passado, o número passava de 400 milhões. Em volume, a queda foi de 7,8 milhões de livros vendidos em 2018 para apenas 6,4 milhões neste início de 2019 — uma redução de 17,95%.
“Todos os acontecimentos do ano anterior, o que inclui a crise das grandes livrarias, provocaram uma mudança no ecossistema do varejo de livros”, analisa Ismael Borges, líder do Bookscan Brasil, referindo-se ao fechamento de lojas da Saraiva e Livraria Cultura, que pediram recuperação judicial em 2018. “Ficou evidente que as editoras focaram em outros canais para atender a demanda de estudantes”.