O escritor australiano Richard Flanagan venceu nesta terça-feira, com The Narrow Road To The Deep North, seu sexto romance, o Man Booker Prize, o mais prestigioso prêmio literário do Reino Unido e um dos mais festejados do mundo, que neste ano se abriu para escritores americanos. Flanagan, que tem 53 anos e nasceu na Tasmânia, leva para casa 50 000 libras (cerca de 195 000 reais) e mostra que era exagerado o temor do que se opunham à entrada dos Estados Unidos na disputa.
O australiano, cujas obras já foram traduzidas para 26 idiomas, incluindo o português do Brasil, onde a Companhia das Letras lançou A Terrorista Desconhecida em 2009, conquistou o júri com uma história inspirada na biografia de seu pai. O acadêmico Anthony Clifford Grayling, presidente do júri, descreveu como “soberbo” o romance, que relata as lembranças de um cirurgião enquanto luta para salvar os prisioneiros que trabalhavam na construção da chamada Ferrovia da Morte na Tailândia, durante a Segunda Guerra Mundial. O pai de Flanagan foi prisioneiro do exército japonês, sobreviveu à construção da ferrovia e morreu aos 98 anos, no mesmo dia em que o escritor pôs o ponto final no livro.
Durante o anúncio, feito na sala Guildhall de Londres, o presidente do júri disse que o livro não é “realmente um romance”. “Também não é um livro sobre a Segunda Guerra Mundial, mas sobre qualquer guerra e os efeitos que estas produzem em um ser humano”, acrescentou. “Não traz gente atirando e bombas caindo. Vai além disso. Trata das pessoas, suas experiências e suas relações”, disse Grayling, que é professor da universidade britânica de Birkbeck.
Flanagan, que em 1994 publicou seu primeiro romance, Death of a River Guide, sucede como ganhador do Man Booker a neozelandesa Eleanor Catton, autora de The Luminaries, que na última edição se sagrou a vencedora mais jovem do prêmio, aos 28 anos.
Até o ano passado, o Man Booker Prize estava aberto apenas a escritores britânicos, irlandeses ou da Commonwealth com obras publicadas no Reino Unido, mas os organizadores anunciaram uma mudança crucial nas bases do prêmio no final de 2013. Com a decisão de levar em consideração os trabalhos de escritores americanos, o Man Booker pretende assentar-se como um dos prêmios de referência em língua inglesa.
(Com agência EFE)