Entusiastas da famigerada “intervenção militar constitucional” no Brasil e saudosos da ditadura militar lançaram nesta quarta-feira (16) mais uma notícia falsa a narrar fictícias intenções das Forças Armadas de interferirem na política brasileira.
Blogs especializados em propagar notícias falsas, como o Notícias Brasil Online, publicaram uma “reportagem” segundo a qual “sem qualquer aviso prévio, Exército começa a fiscalizar senadores em Brasília” (veja acima). A lorota é acompanhada de um vídeo da TV Senado, que mostra homens com fardas militares na galeria da Casa na sessão da última terça-feira (15), e de um texto que diz o seguinte:
Uma cena incomum aconteceu nesta terça-feira (15) no plenário do Congresso Nacional.
Inúmeros militares, sem qualquer aviso prévio, foram assistir a sessão do Senado.
Inicialmente chegou um pequeno grupo e aos poucos outros foram chegando e dando uma tonalidade verde-oliva nas galerias.
O murmurinho na casa foi generalizado.
O Exército quer marcar presença para garantir a democracia e a segurança nacional, disse um general presente.
O que se comenta é que o próximo passo será uma visita ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta notícia, evidentemente falsa, mostra que, na era das fake news, nem sempre uma imagem vale mais que mil palavras.
Os homens filmados pela TV Senado, como mostram seus trajes, são, realmente, ligados às Forças Armadas. No entanto, eles não estiveram nas dependências da Casa para fiscalizar as atividades dos senadores no plenário e “garantir a democracia e a segurança nacional”, como o texto falso quer fazer crer. Tampouco são generais de quatro estrelas designados para a função. Trata-se tão somente de estagiários do Curso Superior de Defesa em visita ao Senado.
O senador João Alberto Souza (MDB-MA), que comandava a sessão na ausência do presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), deu as boas vindas aos visitantes fardados.
“Quero fazer o registro da visita de estagiários do Curso Superior de Defesa, oriundo dos Cursos de Altos Estudos, da Escola Superior de Guerra, da Escola de Guerra Naval e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, com um efetivo de 200 integrantes, além de oficiais superiores de nações amigas. Sejam bem-vindos”, disse Souza, como pode ser verificado nas notas taquigráficas da sessão.
Como o Me Engana que Eu Posto frequentemente alerta, a história sobre os militares “fiscalizando” a atividade parlamentar é o tipo de informação que, se verdadeira, estaria amplamente registrada em veículos de imprensa profissionais. Não se trata, portanto, de uma informação exclusiva dos blogs loroteiros da internet que revistas, jornais e emissoras de TV ignoraram. O caso é, pura e simplesmente, mentira.
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