A casa de Jair Bolsonaro caiu. E quando escrevo a palavra “casa” é no significado bíblico mesmo, que vai desde o sentido literal até a conotação espiritual. No caso desta quinta, 8, o de comunidade.
Alvo mais uma vez de operação da Polícia Federal por ordem de Alexandre de Moraes, o ex-presidente viu hoje a maior ação de agentes do estado contra o seu golpismo desvairado e continuado durante o mandato presidencial que o povo brasileiro lhe conferiu de 2019 a 2022.
Por ser a maior operação contra o bolsonarismo, quase toda a entourage que o cercava – assessores civis e militares, e isso é muito importante – está sendo presa ou alvo de buscas e apreensões.
São 85 ordens judiciais que permitem, entre outras coisas, que policiais vasculhem residências atrás de provas ou coloquem algemas em ex-assessores, padres, presidente de partido e militares de várias patentes, como generais de quatro estrelas.
Daí, o tamanho e a importância da operação.
O golpe que Jair Bolsonaro sempre colocou como uma opção política viável para o país – o ex-presidente é amante da ditadura militar, da tortura, do assassinato de opositores, do fechamento do Congresso e do Supremo – não era apenas uma retórica.
Ou, força de expressão.
Não, não.
É a raiz do que o líder da extrema-direita brasileira defende como solução para seus anseios: a destruição da democracia. Por isso, Bolsonaro, que se diz perseguido e pede para ser esquecido, não foi até agora – nem por magistrados, nem pela Polícia Federal ou pela imprensa.
A casa do ex-presidente começou a cair não só pela magnitude da operação, pelo enorme número de acusados ou pela “patente” dos nomes envolvidos – Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Felipe Martins, ex-assessor especial da presidência, Tércio Arnaud Thomaz, auxiliar do “gabinete do ódio”, Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira, Almir Garnier Santos, oficiais generais -, mas pelo que a ação indica.
A Justiça determina a proibição de contato entre os investigados, a suspensão dos cargos públicos e até a retenção de passaportes, como o documento vermelho do próprio Bolsonaro que deverá ser entregue nas próximas horas.
Entre investigadores do caso se comenta: quando se apreende o passaporte, o passo seguinte, que parece estar cada vez mais próximo, é a prisão.
Sem exageros.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens que forneceu as principais provas da operação Tempus Veritatis, dando-as de bandeja à Justiça, não estava de brincadeira.
Se transformou numa britadeira contra o bolsonarismo. Vem dele as mais fortes e intensas marretadas na “casa” de Jair Bolsonaro.