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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Os fatos que os novos números da popularidade de Lula escondem

Melhora no desempenho da economia reflete-se nos índices de avaliação da gestão, que evolui entre segmentos que podem se desligar do bolsonarismo

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jul 2024, 12h09 - Publicado em 11 jul 2024, 11h45

A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou por um período recente de declínio, parece ensaiar agora uma correção de rota, devido à melhoria nos indicadores da economia. A consequência imediata é o retorno da aprovação dos eleitores que se afastaram não por ideologia, mas por descontentamento, por exemplo, com os resultados de políticas econômicas da gestão de Dilma Rousseff.

Para cientistas políticos ouvidos pela coluna, trata-se, na verdade, de uma equação matemática: como o país tem emitido sinais positivos (inflação sob controle, crescimento do PIB e desemprego em queda – variáveis que nem sempre caminham juntas), é natural o incremento da avaliação positiva do governo. No dia mesmo que saiu a pesquisa da Quaest, o IBGE divulgou a inflação de junho de 0,21%, bem mais baixa do que a de maio  (0.46%)

Tal conjunção de fatores revela-se particularmente relevante para as classes média baixa e média, que passam a sentir menos os efeitos das altas taxas de juros na medida em que obtêm condições favoráveis para refinanciamento de dívidas e renegociação de cartões de crédito e cheques especiais.

PREÇOS DOS ALIMENTOS

Apesar dos bons ventos, há um obstáculo significativo: os preços de alimentos e outros bens essenciais permanecem elevados, mesmo com a estabilização da inflação – o que encarece o custo de vida e gera frustração para muitos brasileiros. Aliás, na inflação baixa de junho, o item que mais pesou foi alimentos.

De qualquer forma, a aprovação do atual chefe do Executivo avança gradualmente. Se a inflação permanecer dentro da meta, Lula continuará a ganhar apoio de setores com os quais conviveu anteriormente, mas que aderiram ao bolsonarismo por causa dos mais variados fatores. Estes podem reconsiderar suas posições no momento em que enxergarem melhorias tangíveis na economia.

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Nesse contexto, a base de apoio de Bolsonaro tende a se reduzir a um núcleo menor liderados pelos seguidores fiéis, pouco propensos a mudar de opinião e que mantêm a adesão ao “mito” a despeito das circunstâncias.

NÚMEROS DA ÚLTIMA PESQUISA

Como mostrou VEJA nesta quarta, 10, Lula recuperou fôlego em termos de popularidade, que vinha preocupantemente caindo. Os números são bons para o presidente. Alguns segmentos foram decisivos para a recuperação da quinta gestão petista.

A aprovação ao trabalho de Lula passou de 62% para 69% entre quem ganha até dois salários mínimos e de 50% para 56% entre entrevistados de 35 a 59 anos. Houve um salto também entre os consultados com o ensino fundamental (de 60% para 65%).

Em termos regionais, destaca-se a melhora da imagem no Sudeste, onde a aprovação subiu de 42% para 48%, enquanto a desaprovação recuou de 55% para 48%.

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De acordo com a pesquisa, só 34% ficaram sabendo das críticas de Lula à política de juros do Banco Central. Deles, 66% concordam com o presidente e só 23% discordam. A imensa maioria, 87%, também apoia o petista quando ele diz que os juros no país são muito altos.

Isso é um ganho para Lula, que tem sido um crítico contumaz do resultado das reuniões do Comitê de Política Monetária, o Copom.

“APROVA-DESAPROVA”

Para esses mesmos cientistas políticos, um ponto a se considerar nas análises é a maneira como a popularidade é medida no Brasil pelas pesquisas de opinião, já que a métrica tradicional divide as respostas, de modo confuso, em “ótimo”, “bom”, “ruim”, “péssimo” e “regular”. A categoria “regular”, que abrange uma gama ampla e vaga de opiniões, é a que mais distorce a compreensão do cenário real.

No entendimento dos especialistas, a métrica “aprova-desaprova” seria a ideal para a efetuação da medição, já que é “clara e universal”, além de permitir comparações diretas com mandatários de outras nações, como Joe Biden, nos Estados Unidos.

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Pesquisas recentes, como as da Quaest, mostram que em áreas em que a popularidade de Lula caiu na categoria “ótimo” e “bom” houve um aumento correspondente em “regular”. Tal diapasão, na visão dos estudiosos, sugere que, enquanto o quadro econômico progride, os cidadãos ainda não estão dispostos a classificar a situação como “ótima” ou “boa”, preferindo a ambiguidade do “regular”.

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