A política externa brasileira sempre foi universalista – quer manter relações com o maior número possível de países independentemente das escolhas ideológicas, ou do regime de cada um.
Ou seja, deixar de se relacionar com algum país porque essa nação pensa de maneira diferente politicamente não é uma opção. A diplomacia brasileira entende que é uma conexão com os povos – os governos passam, os povos ficam.
O caso da Nicarágua é um revés amargo porque termina com esse caso de expulsão de embaixadores. Lula, em todos os seus mandatos, sempre teve uma boa relação com a Nicarágua.
O país vem de uma revolução sandinista lá atrás, que parecia ser a libertação do país diante de uma ditadura. O problema é que Daniel Ortega acabou ele mesmo se transformando em ditador.
Nesse momento, tecnicamente, o governo acertou. Diante de um ato agressivo de expulsão do embaixador brasileiro, o país teve que reagir da mesma forma. Isso afasta o governo Lula-3 de Ortega, o que tem seu lado positivo.
VENEZUELA
No caso da Venezuela é diferente. O Brasil quer ser uma voz importante para tentar resolver um conflito regional.
Com seus muitos erros em relação ao país e a Nicolás Maduro, Lula tem uma intenção que é boa: esse papel de resolver graves questões regionais que ganham repercussão pelo mundo.
Então, o que o presidente fez? Não fez a posição norte-americana, que era reconhecer a oposição como vitoriosa. Ou de vários outros países da América Latina.
Quer encontrar uma forma de trabalhar mantendo o canal de diálogo para ver se consegue influenciar na busca de uma solução que está muito difícil de ser alcançada. O mesmo fazem México e Colômbia.
Nesta quinta-feira, 8, a líder da oposição, Maria Corina Machado, deu uma entrevista para o Jornal O Globo afirmando que Brasil, México e Colômbia falam com os dois lados.
Lula chegou a começar a tentar legitimar a nova fraude eleitoral de Maduro, mas não reconheceu ainda a vitória em si. O caminho está se estreitando. Agora, o presidente não pode manchar sua biografia passando pano mais uma vez para o líder do regime chavista.