Quadros técnicos do governo federal têm encontrado dificuldade de saber quais são as diretrizes de trabalho na gestão Lula.
A coluna conversou com funcionários públicos de carreira em ministérios, agências e autarquias.
Na avaliação desses servidores, enquanto negociações políticas relacionadas ao segundo e terceiro escalão continuam a acontecer na Esplanada, a máquina está mais parada que o normal.
Esses funcionários públicos afirmam que se sentem sem direção, e que algumas agendas do Estado pararam. O que antes era esperança de dias melhores já passou a ser uma incerteza se o governo conseguirá efetivamente se estruturar no meio dessa colcha de retalho que são os postos técnicos.
Eles também reclamam, por exemplo, que foram exonerados de cargos – ou de direção – simplesmente porque trabalharam no último governo. Contudo, são pessoas que já vinham trabalhando com a temática desde governos anteriores, como o do próprio PT.
A exoneração não pode ser vista como o cerne do problema porque são todos funcionários com cargos efetivos, de carreira, e que reclamam que as nomeações de diretores e secretários em ministérios tem demorado demais.
Ouve-se que faltam pessoas qualificadas para determinados cargos. Ou que a pessoa é qualificada, mas não tem características importantes para a pauta a que ela ficará responsável.
Mas a situação piora.
Uma das preocupações mais importantes é a tramitação dos processos. Por falta de dirigentes, não é possível assinar documentos e dar andamento à atividades corriqueiras como, por exemplo, a prorrogação de convênios. A execução orçamentária também fica prejudicada. Os gastos previstos para este ano já estão atrasados por conta justamente desse marasmo.
Os relatos são de eventos cancelados – ou funcionando em parte – contratos suspensos e convênios atrasados, já impactando a execução orçamentária deste ano.
Mecanismos que poderiam dar agilidade, equidade e transparência para a seleção dos servidores aos cargos destinados ao corpo técnico seguem sem ser utilizados, como o caso do banco de currículo do sou.gov. e a plataforma da ENAP.
Elas podem, de forma muito eficiente, encontrar líderes para o governo. A impressão que os servidores têm do atual governo é de desorganização da alta gestão em reestruturar a Esplanada.