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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O outro Ziraldo que eu conheci

… no interior de Minas!

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 12h36 - Publicado em 6 abr 2024, 19h35
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  • Ziraldo já era o Ziraldo quando me entendi por gente, passando férias todo fim de ano em Caratinga, no interior das Minas Gerais, terra dos meus avós maternos.

    Nas ruas onde o Menino Maluquinho foi criado admirava-se também o pai do menino travesso, que era ele mesmo, nascido e criado por aquelas bandas.

    Homem alto, bonito, estava nas ruas, mas também dentro de casa. Primeiramente com o Flicts, depois a turma do Pererê e o próprio Maluquinho, que ganhou uma estátua na entrada da cidade.

    Contavam-se as histórias escritas por ele dentro de casa, também se sabia que Ziraldo era de casa. Estudou no colégio do meu avô, brincava com minha mãe e tios, como se de nossa casa fosse.

    Quando Ziraldo foi homenageado pela escola de samba Nenê da Vila Matilde, muitos de nós estávamos lá, como família, e ele nos tratava como se dele fôssemos. Eu não poderia perder. Sambamos por ele.

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    Artista do texto e das histórias, Ziraldo foi aluno do meu avô no colégio da cidade. Como não poderia deixar de ser, fez dele o seu Ré, um personagem – o professor.

    Ziraldo misturava tudo, a cidade inteira entrava nos quadrinhos: os amigos, os animais, a pedra Itaúna, os indígenas, pretos, brancos. Tava tudo lá. O Brasil.

    Bicho e gente.

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    Os mesmos traços com que ele revelava o país aos brasileiros, ele usava contra a ditadura militar. Ziraldo sabia ser importante lutar pela democracia e enfrentou o regime olho no olho, como aqueles que são da coragem.

    Tão próximo de nós, falava sempre em alto e bom som sobre minha avó Mariana: “é a mulher mais bonita que eu já vi na minha vida”. Ouvi algumas vezes ele contar isso, sem exagero.

    Brincava que meu avô, reverendo Uriel, não deveria ter casado com ela, mas sim meu tio-avô Nathanael, o mais bonito dos irmãos que saíram de Garunhos para virarem seus fãs e amigos.

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    Nas últimas conversas entre famílias, dizia-se que Ziraldo andava cansado. Não da vida. Ele não era disso. Nunca foi. Essas foram as últimas notícias dele. E agora a dor da partida.

    Viva a sua vida e genialidade, mestre. Viva Flicts! Viva Menino Maluquinho! Viva a Turma do Pererê. Viva Caratinga! Viva Seu Rev! Viva Ziraldo! Eterno!

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