Lula teve vários agentes essenciais para a consolidação da vitória à Presidência da República, em 30 de outubro, e a coluna já mostrou o papel de três deles que uniram forças e igualaram a disputa (não só) nas redes sociais. Mas, na política do dia a dia, quem se destacou – e acabou tendo o mais relevante papel no Congresso – foi o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues, da Rede. O próprio presidente eleito admite isso nos bastidores.
Desde o início do governo Bolsonaro, o parlamentar travou uma verdadeira guerra nos tribunais contra pautas antidemocráticas. Randolfe e a Rede Sustentabilidade ingressaram mais de 400 ações judiciais e representações ao MPF (Ministério Público Federal) e TCU (Tribunal de Contas da União). Entre as medidas, estão Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental e Ações Populares.
Randolfe iniciou esse ciclo de denúncias, ações judiciais e discursos fortes, com grande repercussão na mídia, desde 1° de janeiro de 2019, mas um ponto crucial foi na CPI da Covid, quando o parlamentar investigou escândalos de corrupção e obteve vitórias importantíssimas. Um exemplo – acatado pela Justiça – foi o pedido para o governo usar critérios puramente científicos na compra de vacinas, sem barrar a CoronaVac por preconceito ideológico ou jogo político.
Os resultados das ações também obrigaram Bolsonaro a apresentar e a atualizar o Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19, com prazos e critérios técnicos; fizeram o então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitir que não tinha estoque suficiente para vacinação; e contribuíram até para a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem à chefia da Polícia Federal por desvio de finalidade na escolha do nome.
Uma outra pedra no sapato de Bolsonaro foi a ação de Randolfe que levou à suspensão de investigações ilegais da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) contra a ativistas antifascistas.
Apoiadores de Bolsonaro consideraram Randolfe uma das maiores barreiras do governo durante os quatro anos de gestão. E em 2022 a guerra se intensificou. As ações judiciais do senador provocaram a investigação de empresários bolsonaristas suspeitos de planejar e estimular um golpe de Estado; pedidos de explicação sobre ataques à democracia e a tomada de medidas urgentes contra a violência na Amazônia.
Foi no tribunal que Randolfe também conseguiu derrubar a alegação da campanha de Bolsonaro de que transporte público gratuito no dia das eleições configuraria crime eleitoral. Uma decisão estratégica e fundamental para garantir a milhões de brasileiros ônibus de graça para ir às urnas.
A classificação de combatente incansável – muito atribuída a ele – não é por acaso.