Nesta quinta, 10, o discurso de Lula encantou muitos, mas estressou não só o mercado, com queda forte da bolsa e disparada do dólar. Isso serve de aviso: o petista precisa sim fazer um esforço para se comunicar melhor com os agentes econômicos.
Porém o ponto que encantou parte do país é ter de novo um presidente capaz de se emocionar com a fome que atinge milhões de brasileiros. Ele tem absoluta razão, o Brasil vive uma situação de pobreza grave. E isso é inadmissível sob todos os pontos de vista.
O Brasil empobreceu, aumentou o número de pessoas em insegurança alimentar, famílias disputam ossos que sobram dos açougues, crianças dividem ovo na merenda escolar ou se contentam com bolachas. O pobre não encontra remédio na Farmácia Popular, nem aqueles de uso contínuo.
Lula está olhando a questão social e foi para isso que ele foi eleito. No entanto, o petista precisa ser mais claro na definição de como lidar com a equação econômica de um país que fecha no vermelho todos os anos e está com a dívida em 80% do PIB.
Dependendo do caminho escolhido, os efeitos acabarão elevando a inflação, o que também impacta os pobres. Por isso, o presidente eleito precisa encontrar o tom.
O equilíbrio de Lula é fazer uma definição do caminho para a política econômica, mas também manter a capacidade de se emocionar com o sofrimento alheio.
Estamos quase no fim de um governo em que o presidente alegava que a fome não existia. Bolsonaro negou todas as dores. Das mortes da Covid-19 ao aumento da pobreza. Nesse fim, dizia que no Brasil ninguém passa fome.
O choro de Lula é um choque de realidade. Sim, infelizmente, o Brasil tem milhões de pessoas que não têm como se alimentar todos os dias, e o presidente eleito levou esse problema para o centro da sua administração.
Os economistas saberão encontrar soluções técnicas para as contas públicas que não impliquem abandonar o projeto civilizatório de acabar com a fome. O que não tem solução alguma é um presidente como Bolsonaro que desconhece o problema, por negacionismo crônico ou falta de solidariedade. Essa é a diferença entre Lula e Bolsonaro.
Um chora pelo problema e o outro nega que o maior o problema exista. O que vocês preferem?