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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Fazenda de deputado candidato a prefeito aumenta 56% de tamanho no papel

Documentos revelam diferença entre área registrada e a que consta em contrato, assinado por Éder Mauro, aposta do ex-presidente Bolsonaro para Belém

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jun 2024, 19h18 - Publicado em 10 jun 2024, 18h56
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  • O deputado bolsonarista e pré-candidato a prefeito de Belém Éder Mauro (PL-PA) enfrenta problemas com a documentação da fazenda que ele comprou, em junho de 2020, no município de Bujaru, a 100 quilômetros de Belém.

    Documentos obtidos pela coluna com exclusividade revelam que a fazenda Bênção Divinal aumentou 56% de tamanho no papel. No contrato de compra, assinado por Éder Mauro, a área tem 335 hectares, mas aparece com 214 hectares no registro mais antigo do cartório de imóveis.

    Alguns meses após o deputado comprar a fazenda, a Polícia Civil começou a investigar a documentação das terras. A suspeita dos policiais recaía sobre a venda anterior do imóvel, feita pela idosa Francisca Zulmira para o empresário Cléber Ferreira. Essa transação ocorreu em 2018, mas Zulmira tinha morrido de acidente de trânsito, em 2003, 15 anos antes.

    A polícia apontou que houve falsificação na procuração, apresentada no cartório em nome de Zulmira, para realizar o negócio. O neto da mulher disse que a avó nunca teve terras na região. Pela suspeita de fraude, Cléber Ferreira foi preso temporariamente, em 2021. Ele já está em liberdade e o processo segue em segredo de Justiça.

    Até aqui, Éder Mauro não chegou a ser investigado. A fazenda Benção Divinal só apareceu em seu nome em 2020, quando ele a comprou de uma contadora, que, por sua vez, havia adquirido a área numa transação com a mulher de Cléber Ferreira.Apesar de não ter feito negócio diretamente com a falecida Zulmira, o contrato de compra assinado pelo deputado também levanta dúvidas sobre a documentação das terras.

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    Toda propriedade deve ter um registro no cartório de imóveis, que atesta a legalidade de sua posse. A Bênção Divinal foi registrada pela primeira vez, em 1973, com área de 364 hectares. Um ano depois, conforme os papéis do cartório, ocorreu a venda de 150 hectares. Com isso, a fazenda ficou reduzida a 214 hectares. Mas, no contrato de compra do deputado, as terras aparecem com 335 hectares. Ou seja, aumentou 56% de tamanho em relação ao que consta legalmente no cartório.

    Esse estica e encolhe aparece também em outros documentos. Logo após comprar a fazenda de Zulmira, a idosa que já tinha morrido, o empresário Cléber Ferreira registrou a área como se tivesse 293 hectares. Após a transferência dos papéis para o cartório de outro município, as terras esticaram para 335 hectares.

    Mesmo com os problemas na documentação, o deputado ergueu cercas, construiu o casarão da sede, uma garagem, barracão e pontes na fazenda. Fez chiqueiro, curral, baias para os animais, cultivou plantação de dendê e cuidou do pasto. Bolsonarista de carteirinha, hasteou a bandeira do Brasil na porteira. Ele garante que bancou os investimentos com seu salário de parlamentar. À Justiça Eleitoral, em 2022, Éder Mauro declarou apenas a “terra nua”, sem mencionar nenhuma benfeitoria no imóvel adquirido em 2020.

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    O bolsonarista continua a investir na área, que já tem bois no pasto, como mostram imagens obtidas pela coluna.

     

    O que diz Éder Mauro

    Procurado por este espaço desde a semana passada, o parlamentar ignorou as oito perguntas repassadas por WhatsApp. A coluna também procurou o advogado do parlamentar, Jânio Nascimento, mas não obteve resposta. A assessoria de imprensa de Éder Mauro procurou este colunista nesta segunda, 10, mas, informada sobre o deadline, não respondeu até a publicação desta reportagem. 

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