O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve retornar ao Brasil nesta semana após passar uma temporada estendida em Nova York. Ele foi para lá na comitiva presidencial à Assembleia Geral da ONU. Incompetente e irresponsável, no entanto, contraiu Covid-19 e precisou estender a permanência nos Estados Unidos para cumprir a quarentena.
De volta ao país, o ministro tem duas obrigações. A primeira é pedir demissão, uma vez que ele perdeu as condições morais de ficar à frente da pasta. As condições técnicas, como esta coluna já registrou em outras ocasiões, ele nunca teve. E este espaço foi o primeiro a pedir sua demissão.
O ministro da Saúde, que é médico, deveria encabeçar os esforços do país contra a pandemia mais mortal da história. Em vez disso, ele abaixa a cabeça para as besteiras e fantasias macabras de Jair Bolsonaro. Para agradar o chefe, adota até mesmo o comportamento de um menino mal-educado, exibindo sinais obscenos contra manifestantes críticos ao governo.
A segunda obrigação de Queiroga em seu retorno tem a ver, como não poderia deixar de ser, com o dinheiro público. Ele precisará comprovar, rápida e publicamente, que pagou do próprio bolso a longa estadia em um dos hotéis mais luxuosos e caros de Nova York.
Seria um absurdo pensar que os cofres públicos arcaram com os luxos do ministro enquanto a fome volta a assolar o Brasil e parte dos brasileiros se alimenta com restos encontrados no lixo e com sobras, como ossos de animais.
Se Queiroga desse o bom exemplo que o cargo lhe obriga a dar, talvez não contraísse Covid. Uma vez na quarentena, no entanto, não precisava ficar em um hotel de luxo. Tratando-se de opção pessoal, cabe a ele arcar com a regalia. Encerrada a pendência, deve entregar o cargo. É isso que ele precisa fazer.